Quilombo Ilha de São Vicente recebe apoio da União para regularização fundiária

Apoio ao Quilombo, situado em Araguatins, no Bico do Papagaio, ocorreu durante reunião realizada pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU) nesta terça-feira, 25, em Palmas

Crédito: Divugação Superintendência do Patrimônio da União

A Superintendência do Patrimônio da União (SPU) promoveu uma reunião em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública do Estado (DPE), Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins e a Alternativa para Pequena Agricultura no Tocantins. O objetivo central do encontro, realizado nesta terça-feira, 25, foi estabelecer uma frente conjunta para a titulação do território da comunidade Quilombola Ilha de São Vicente, localizada em Araguatins, na região do Bico do Papagaio.

 

O Quilombo Ilha de São Vicente abriga mais de 60 famílias em uma área de cerca de 2.502 hectares. Por ser considerado território da União, a SPU, órgão responsável pela gestão de bens públicos da União, tem atuado no processo de regularização fundiária da Ilha.

 

Durante a reunião, membros da comunidade Quilombola Ilha de São Vicente expressaram suas preocupações quanto às ameaças e invasões no território. A presidente da associação da comunidade, Silvanei Barros Rocha, ressaltou a importância da titulação para a segurança e o fortalecimento da comunidade. "Esse título é essencial para nós, vai nos fortalecer mais, teremos mais área para trabalhar e liberdade para ir e vir." Afirmou.

 

O procurador da República no Tocantins, Álvaro Lotufo Manzano, destacou que o Ministério Público Federal acompanha o processo de titulação e regularização fundiária da Ilha de São Vicente desde 2014. De acordo com Manzano, “existe uma decisão judicial que determina ao INCRA e à União que façam essa titulação, e nós fizemos essa reunião hoje para discutir com a SPU e o INCRA a formalização desse processo."

 

Como resultado da reunião, a SPU se comprometeu a publicar uma portaria em até 20 dias para o INCRA atuar na concessão do direito de uso real da área. O INCRA, por sua vez, assumiu o compromisso de titular a comunidade até dezembro de 2023.

 

O superintendente do INCRA no Tocantins, Edmundo Rodrigues Costa, enfatizou que a reunião definiu as estratégias de ação para a titulação e demarcação do território da Ilha São Vicente. "Os próximos passos agora é o INCRA fazer um levantamento da área, começar a notificar os não quilombolas para se retirarem, dar sequência à demarcação, titulação e entrar com as ações de reintegração de posse." Além disso, Edmundo afirmou que o INCRA irá dialogar com o IBAMA para que faça uma visita ao local a fim de que sejam identificados crimes ambientais que foram cometidos na ilha.

 

O superintendente de Patrimônio da União (SPU), Edy César Passos, ressaltou que essa será uma das primeiras titulações de comunidade quilombola em anos no Tocantins. "É prioridade da SPU a reintegração de posse na região, iremos fazer a entrega da Ilha ao INCRA para que eles façam a titulação final. Nos comprometemos com o Quilombo São Vicente em resolver a situação ainda em 2023."

 

Entenda

A comunidade Quilombola Ilha de São Vicente enfrentou ataques e conflitos pela terra desde sua fundação. Em 2010, recebeu a certificação de autodefinição como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Em 2015, um Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) e estudo antropológico, elaborado pelo INCRA em parceria com antropólogos da UFT, foram publicados. Em 2019, a comunidade recebeu, da Justiça, a posse do território, e em 2020, o Governo Federal reconheceu-a como quilombo, com a publicação da portaria Nº 1.080 pelo INCRA, declarando as terras da Comunidade Remanescente.

 

A Ilha de São Vicente é caracterizada como terra da União, sendo a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) o órgão responsável por sua gestão. Em 2018, a SPU publicou portaria destinando as terras da Ilha para a regularização do território.

Comentários (0)