Após notificação do Ministério Público Estadual, que instaurou procedimento para apurar ato de intolerância religiosa por parte da Câmara Municipal de Nova Rosalândia, os vereadores decidiram fazer uma retratação em público, pedindo desculpas pelo o ocorrido no dia 7 de novembro, quando os parlamentares manifestaram preconceito contra os adeptos da umbanda.Na ocasião, os nove parlamentares divulgaram uma nota de repúdio contra o ato religioso.
“Foi um grande mal entendido, reconhecemos nossas falhas e nos desculpamos”, diz um trecho da nota de retratação, assinada por sete parlamentares na última segunda-feira, 2.
No documento de retratação, os vereadores dizem que o Legislativo vai ficar mais atento para que equívocos e erros dessa natureza não voltem a ocorrer e que venham afetar a idoneidade moral da Câmara. “Em nenhum momento foi essa a intenção; prezamos pelo respeito a toda e qualquer entidade religiosa”, finaliza a nota.
O ocorrido
Às vésperas do Dia de Finnados, umbandistas foram impedidos de externar seus cultos junto ao túmulo de seus parentes, no cemitério local. Consta que agressões físicas e verbais teriam ocorrido. Os fatos foram investigados pela Promotoria de Justiça de Cristalândia, Monique Vaz, com o objetivo de apurar responsabilidades e subsidiar possíveis medidas judiciais e extrajudiciais que venham a se mostrar necessárias. "A liberdade de crença, o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção às liturgias e aos locais de culto são garantidos pelo artigo 5º da Constituição Federal", ressaltou a promotora, que acabou recomendando a retratação à Câmara Municipal de Nova Rosalândia.
As denúncias de agressões partiram da estudante Thuany Caroline Silva Carvalho, 25 anos, e da cozinheira Maria Divina Pinto dos Santos, 42 anos, que, além de registar Boletins de Ocorrência, fizeram vídeos comprovando os atos de preconceito e agressões. Nas cenas aparecem as duas discutindo com o eletricista Pedro Conceição Primo, 49 anos, que as recrimina por estarem no cemitério fazendo “macumba”, termo este utilizado por ele.
Elas são umbandistas e uma reportagem sobre esse incidente foi publicada pelo T1 Notícias no último dia 9 de novembro. Por duas vezes, durante a presença delas no cemitério, Pedro Primo teria sido ofensivo e violento. “Estávamos fazendo a nossa obrigação para as alma, com a pipoca no dia 1º, que é somente derramar um pouco de pipoca sobre a cabeça, pedido proteção. Da parte da madrinha, era colocar um pouco de pipoca sobre os túmulos dos entes querido dela. Mas nessa hora, fomos surpreendidas pelo homem totalmente alterado nos chamando de macumbeiro e falando que aqui hoje macumbeiro não faz macumba”, descreveu Thuany Caroline.
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