A fábrica de sapatos Mariner instalada no distrito industrial da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), na cidade de Colinas do Tocantins, região Norte do estado, fechou as portas deixando cerca de 100 pessoas desempregadas. O gerente administrativo da empresa em Colinas, Aldenir dos Reis Alves, apontou a insegurança jurídica que ronda o terreno que foi pago pela empresa, mas não titularizado e a falta de mão-de-obra especializada como motivos para o encerramento da linha de produção de sapatos na cidade. A empresa estava produzindo 350 pares de sapatos por dia com costura manual e tinha a previsão de 2.400 pares ao dia e o total de 700 funcionários em pleno funcionamento.
O gerente administrativo da Mariner em Colinas, Aldenir dos Reis Alves, disse que o fechamento é temporário até que os problemas sejam resolvidos. Ele apontou ainda que o mercado ficou inviabilizado para a produção. “Nós exportamos produtos num valor de 20 milhões para a Espanha, México, China, Japão e Itália. O couro sai da Curtidora e vai para São Paulo onde passa por um processo e volta para o Tocantins já para fabricação do produto”, afirmou Alves.
O problema do terreno no distrito industrial também foi um fator que desanimou a empresa. “Pagamos os valores da compra do lote, mas não temos a escritura. Isso deixou a empresa desanimada. Pagamos por uma área que não é nossa”, reclamou o gerente da empresa. Outro problema conforme o gerente da empresa é a falta de asfalto para chegar à fábrica o que compromete a qualidade do couro wet White, o couro branco. O material é exportado especialmente para o Japão, mas a poeira suja o couro. “O governo nos prometeu 900 metros de asfalto e até agora nunca foi resolvido. Mais de dois anos de promessa para fazer o asfalto e a poeira atrapalha a qualidade do produto. Estamos buscando isso e não tem resposta”, afirmou o gerente da Mariner. Além da fábrica de sapatos, a Mariner mantém na cidade a Curtidora Tocantins com 245 funcionários e produção de 1.600 peças de couros por dia.
Corecon
O vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Vilmar Carneiro, disse que a entidade lamenta o fechamento do importante empreendimento no Estado. O Corecon lamentou ainda que as políticas de incentivo ao desenvolvimento econômico do Tocantins nos vários governos não são sólidas e servem a conveniências de cada governante. “Isso é ruim e causa problemas à nossa economia. Precisamos de políticas de Estado e não de Governo. Lamentamos que as ações do Governo não estão contribuindo para consolidar as cadeias produtivas”, disse Carneiro.
“O Estado realmente não demonstra aos potenciais investidores ações que gerem credibilidade para os investidores. Isso afeta os economistas que não conseguem elaborar projetos de viabilidade econômica quando não tem políticas de incentivos fiscais estáveis, permanentes e que são suscetíveis a alterações conforme muda de governo”, frisou Carneiro. Para Carneiro, os empresários estão reclamando desses problemas. “Não é isso o que esperamos do governo. Ao contrário, tudo que foi prometido os empresários reclamam que não está sendo cumprindo”, finalizou Carneiro.
Secretaria
Por meio de nota encaminhada ao T1 Notícias, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Tocantins negou que a falta de regularização fundiária tenha sido o motivo do fechamento da empresa e frisou que as ações judiciais para regularização da área caminham na Justiça.
Segundo a Secretaria "o Secretário Paulo Massuia, entrou em contato com o senhor Marco Antônio, diretor executivo da Mariner na tarde desta quarta-feira, e foi informado pelo diretor que a regularização fundiária não foi o motivo do fechamento da empresa. O Diretor alegou que o produto produzido pela empresa não era competitivo no mercado, e que o encerramento da produção foi uma questão comercial".
A nota enfatiza ainda que "com o encerramento da ação na fábrica de calçados, a empresa está investindo todos os recursos na curtidora do grupo, também instalada em Colinas. O empresário lembrou ainda que desde agosto deste ano, metade da produção da curtidora está sendo exportada direto do Tocantins. A produção é de 2.500 peças de couro por dia, sendo que 1.250 são para exportação".
Conforme as informações "as ações judiciais referentes ao Distrito Industrial de Colinas dizem respeito apenas a regularização fundiária dos lotes e já estão em andamento na justiça. O governo do estado já investiu R$ 3.827.765,84 em obras de infraesturtura – asfalto, meio fio, energia elétrica, água e drenagem. As obras já foram concluídas em 99,8%"
Ainda de acordo com a Secretaria ao todo estão instaladas na região três empresas "sendo que duas estão em processo de instalação. Nos ramos de cerâmica e pré-moldados, distribuição de combustíveis e objetos cirúrgicos. Com a conclusão das obras de infraestrutura o Governo do Estado tem trabalhado para atrair novos investidores para o local".
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