Inicio este texto com a mensagem do saudoso Ulysses Guimarães: “O Brasil precisa de uma Constituição em que o povo seja o fundador, por votação direta, do governo e da lei”.
O ano de 2014 foi o ano eleitoral em que mais de 100 milhões de eleitores votaram pela democracia graças a luta de guerreiros e guerreiras que sofreram torturas e pediram a liberdade de expressão no Brasil durante a ditadura militar. Os brasileiros e brasileiras saíram de suas casas na intenção de postar seu voto de confiança, mesmo com o pouco sentimento de esperança que restava. Infelizmente a aprovação da abertura do processo do impeachment da presidenta Dilma, pelos deputados federais, ignorou, desrespeitou e anulou o processo eleitoral.
O que aconteceu neste domingo, dia 17 de abril de 2016, no Congresso Nacional brasileiro, parecia um circo, onde os deputados eram os palhaços ou estavam em um Stand Up Comedy com o teatro chamado “Show da demagogia”, no qual usaram o nome de suas famílias e o pior, o nome de Deus como se o nosso Ser Celestial estivesse ali, no meio de tantos desrespeitosos e descontrolados políticos como o deputado Jean Willys (PSOL-RJ) que, no auge de sua ira cuspiu em direção ao deputado Bolsonaro (PSC-RJ), que por sua vez exaltou em plena sessão da Câmara dos Deputados, Carlos Alberto Ustra, um torturador que chegou a introduzir rato nas partes íntimas de mulheres que lutavam pela liberdade de expressão no Brasil. Mais uma vez eu pergunto, onde estava Deus naquele processo?
O fato é que o Brasil avançou com o governo PT nas políticas públicas sociais, que trouxeram melhorias na qualidade de vida dos cidadãos, assim como o governo PSDB, de Fernando Henrique Cardoso, que martelou projetos como o Plano Real e o Bolsa Escola e posteriormente o transformou no Bolsa Família. Preciso reiterar que o brasileiro necessita mudar essa concepção de que só existem dois lados na política. Não somos os Estados Unidos ou não vivemos a Ditadura Militar para acreditar que nosso sistema político é bipartidário e antidemocrático. Diante desse processo que está mais para uma disputa política do que para o cumprimento constitucional, ao meio desse emaranhado de denúncias e impedimentos de governabilidade, conclui-se que o ponto crucial dessa desmanda total foi a falta da “arte de fazer política”, da negociação e da articulação por parte da Presidenta Dilma, manobra essa, que o ex-presidente Lula tem de sobra, ou talvez tinha até domingo...
A manutenção contínua no poder pelo mesmo grupo político – o PT – mostra que na democracia uma hora ou outra isso terá um fim, seja por “golpe” ou por “impeachment”. Dilma tem seu ponto forte que é a militância árdua e intensa, diferente do cenário do Impeachment de Collor que o levou ao nocaute, foram todos contra ele, até mesmo deputados de seu próprio partido, o PRN (Partido da Reconstrução Nacional).
O fato é que os trabalhadores brasileiros continuam em atividade, pagando seus impostos, porém cansados com o cenário político bipartidário, seja de um lado a manutenção de um grupo político falido que se arrasta a mais de 14 anos, seja pelo outro, uma oposição fraca e incompetente que não tem capacidade para governar.
Continuando o enredo do circo que se instalou em Brasília, reitero a famosa frase que se passa por aí, em um programa de humor: “E agora quem poderá nos defender?”. A resposta é: ninguém!
Gustavo Henrique Somera Ribeiro tem 19 anos e é estudante do 4° período de Gestão Pública no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, no Campus Palmas.
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