A moça do lago: precisamos falar sobre suicídios e solidão

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Descrição: Imagem Ilustrativa Crédito: Da web

Esta é uma história da vida real. Na segunda, 13 de maio, por volta das 19h, minhas amigas, Márcia, Estella, Thais e Martinha, de Palmas se encontraram para fazer a caminhada de costume na orla do lago até a ponte, sem saber que Deus tinha reservado uma importante missão para elas.

 

Logo no início do trajeto, um casal de motociclistas que vinha em sentido contrário avisou que mais adiante uma moça estava só e chorava muito. Temendo o pior, minhas amigas correram até lá. 

 

O quadro era dramático: a moça já tinha saltado a grade da ponte para se atirar no lago. Estava em risco absoluto. Estela e Thaiz decidiram segurá-la com toda força pelos braços e impedir que pulasse. Ao mesmo tempo, gritaram por socorro.

 

O abismo estava logo ali e a moça jogava-se com força em direção a ele.

 

No desespero, Marcia enxergou um último ponto de apoio: a cabeleira da moça. Sem dúvidas, a agarrou pelos cabelos.

 

Naquele momento, o casal de motociclistas reapareceu e ajudou a puxá-la para o outro lado da grade. Só então o grupo ficou em segurança.

 

A moça contou que tem 26 anos, é mãe de 3 filhos pequenos e carrega no peito uma enorme mágoa com a ingratidão humana.

 

Minhas amigas, mesmo abaladas pelo drama humano, chamaram o SAMU e ela foi levada ao HGP. Os pais a procuravam desesperados desde cedo.

 

Estou comovida com essa história, além de orgulhosa da ação cristã das minhas amigas. A moça poderia ter aumentado a estatística brasileira que nos coloca como 8° país em morte por suicídio, segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS.

 

A Inglaterra criou o ano passado o Ministério da Solidão. Com políticas públicas para todas as idades. Na Espanha campanhas sobre o tema estão sendo amplamente desenvolvidas.

 

E no Brasil, país do povo alegre que ama o futebol e produz a festa mais popular do planeta que é o carnaval, o que está acontecendo? Estamos amargando esta dura estatística, mas devemos nos unir para tentar resolver o problema.

 

Como psicóloga de formação e pela minha experiência com as pessoas ao longo de muitos anos eu arrisco a dizer que o individualismo exacerbado está esvaziando a almas das pessoas.

 

Para muitos, o amor ao próximo, a solidariedade e a compaixão são palavras que constam apenas no dicionário ou na Bíblia. Alguns até acham que são sentimentos piegas, fora de moda, e se envergonham deles.

 

Em nenhuma época da história da humanidade esteve o mundo tão cheio de sofrimento e de angústia. Muitas pessoas estão em total abandono e devemos fazer uma profunda reflexão a esse respeito.

 

Se somos cristãos, devemos ajudar nosso próximo na adversidade. E o mundo nos dá, todos os dias, a chance de auxiliar alguém a seguir em frente, a ter um recomeço.

 

Ainda bem que contamos com pessoas que nos inspiram como é o caso do Papa Francisco, um apóstolo extraordinário na missão de ensinar que ser cristão é fazer do amor ao outro uma filosofia de vida. Na Epístola de Paulo aos Coríntios ele afirmou: “o Amor nunca falha.......”

     

            Kátia Abreu, psicóloga e  Senadora do Tocantins

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