A política do sensível

Secretária de Mulheres do PCdoB Palmas-TO, Juliete Oliveira, discorreu sobre a desistência da pré-candidatura de Roberta Tum

Crédito: Divulgação

“Você tem que agir como se fosse possível transformar radicalmente o mundo. E você tem que fazer isso o tempo todo” (Angela Davis). É o que fazemos, foi o que nos foi dado fazer, o tempo todo. Quando Roberta Tum, desiste do seu projeto de candidatura, ainda na fase pré, depois da imensa ousadia de se lançar como possibilidade, ela o faz não porque desistiu de transformar o ‘mundo’, como nos diz Angela Davis, mas porque avaliou que o melhor caminho no momento não é esse.

 

Roberta não o faz sem pesar, pelo o que conheço dela, há imenso sofrimento na decisão. Contudo os tempos não são favoráveis, na verdade nunca foram para as mulheres. A violência política de gênero é um inimigo forte, e por vezes, ele nos cerca com uma configuração amiga, correligionária, de mesmo lado, nunca de maneira frontal, mas, velada com facetas diversas que levam a invisibilidade como agente, que minam as vontades.

 

Os estudos de uso do tempo trazem elementos importantes para evidenciar como a divisão sexual do trabalho se traduz no dia a dia das famílias e podem ajudar a compreender as relações entre a sobrecarga de trabalho feminina e a reprodução das desigualdades de gênero (ONU Mulheres, 2016). Esse é um dos maiores vieses que por um lado dificultam a participação política delas, mas por outro é uma das maiores razões pela qual as mulheres devem participar como agentes do processo político. Como uma maneira de que as ações de estado reflitam a igualdade de direitos entre os gêneros.

 

Roberta ter desistido desse enfrentamento é uma imensa perda para as mulheres de Palmas, a representação dela como um exemplar dessa luta por meio da decisão inicial já era, por si só um alento, um sopro de possibilidades, uma política do sensível! A retirada da possível candidatura representa uma perda, um retrocesso no avanço que já havíamos alcançado em matéria de visibilidade de uma luta que costuma ser invisibilizada. Mas, como mulher, mãe solo e filha super compreendo a camarada, e em um exercício de alteridade, me coloco no lugar dela.

 

Obrigada Roberta Tum pela sua sabedoria, que muito diz sobre você! Sabemos que a retirada do nome, não significa o fim da sua carreira política, mas o exercício de temperança, muito próprio das mulheres

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