Sem querer politizar a questão além do que já está, eu não poderia deixar de apontar (mais) uma constatação trazida pelo Covid-19: a pandemia lançou por terra a utopia da ideia de Estado mínimo no Brasil, defendida por setores ultraliberais.
Eu, particularmente, sempre defendi a ideia de estado necessário: nem mínimo, nem máximo. Estado necessário, a meu entender, é o ponto de equilíbrio.
É verdade que alguns vão dizer que países ricos também estão adotando políticas sociais, mesmo sendo de ideologia não intervencionista. Sim, países ricos podem essa façanha. Simplesmente porque, embora não intervencionistas, eles são ricos - têm cash, money, trilhões em caixa para o que quiserem, e isso faz toda a diferença em momentos de crises. Basta observar exemplos como Inglaterra, EUA, Hong Kong etc. Definitivamente, não é o caso do Brasil, que depende da arrecadação estatal para sobrevivência e manutenção de políticas públicas, sem olvidar os incentivos financeiros às empresas, também anunciadas em função da crise e que agradou muita gente, inclusive liberais.
No Brasil, por enquanto, reduzir o Estado ao mínimo, seria um contrassenso, considerado o fato de ser um país emergente, com milhares de empresas que vivem batendo na porta do governo em busca de financiamentos, milhões de desempregados e outros tantos milhões vivendo em condições sub-humanas.
As políticas sociais emergentes, anunciadas pelo atual governo brasileiro como forma de minimizar os efeitos da pandemia sobre a economia, provam o quanto a intervenção estatal pode ser vital em termos econômicos e como sua impossibilidade poderia levar o país a um buraco desesperador. Setores do governo liberal cederam diante da iminente e inevitável pressão popular aliada à forte atuação dos outros poderes do estado. A ideologia (forçadamente) deu lugar à razão. Que bom.
Passada a crise, que esperamos seja breve, vamos ficar atentos como será feita a "curva ideológica", se os liberais retomarão suas ideias originais ou se tomarão gosto pela política social como forma de ganhar popularidade. O tempo é o senhor da razão. Com ele as respostas aparecem como a luz.
Antonio Bandeira é graduado em direito, empreendedor e assessor parlamentar.
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