Meus caros leitores. Se pudesse fazer um pedido a Deus e ele me atendesse, era voltar no tempo das minhas brincadeiras de infância. Bolinha de gude, finca, pique-esconde, bate latinha, garrafão, pipa, dinheiro de papel de cigarro, argola, bambolê, balanço, correr, bicicleta, futebol no terrão, banho na enxurrada e tantas outras. Fico atônito com as brincadeiras de hoje – nada real; tudo virtual. Jogos e mais jogos, os famosos games nos smartphones e crianças e adolescentes perdendo o melhor desta fase tão linda da vida, a infância/adolescência.
Os noticiários a cada dia noticiam crianças e adolescentes violentos, agressivos ou depressivos tirando a própria vida, vítimas de uma sociedade capitalista, mercantilista, que substituiu o afago humano, o amor fraternal pela máquina virtual. Como aceitar que a criança pegue uma corda e coloque no próprio pescoço para tirar sua respiração induzida por um game que a desafiou? Como aceitar que o adolescente pegue uma buzina a gás, para inalar o gás para mudar a voz ou friccionar o desodorante na pele até congelar e depois crie uma ferida apenas para se identificar com os grupos? Como aceitar que uma adolescente corte partes do seu próprio corpo repetidas vezes com uma lâmina para aliviar a dor da alma, pois não é ouvida, não é amada, é apenas comprada com bens materiais pelos pais. Sua alma clama por um abraço, um colo, um afeto verdadeiro, um amor ômega.
Como aceitar que um simples jogo virtual, criado do outro lado do mundo, se espalhe repentinamente, tirando o sono de professores e pais? Lamentavelmente as autoridades mundiais nada fazem para banir este novo jogo denominado “baleia azul”, que incentiva os jovens a tirar a própria vida. Por que este jogo consegue chamar tanta atenção dos jovens com tantas mortes sendo registradas por sua causa? A resposta é: a bolha social explodiu! Precisamos voltar ao primeiro amor. O amor paterno que nos ensina a ser viver em fraternidade e segurança, seguindo as determinações de Jesus. Esse amor está acima das paixões que cegam e segregam milhares de pessoas pelo mundo, em guerras, atos de fanatismo e desespero alimentados pelo acúmulo de capital.
Nossa capital Palmas não está imune a estes problemas tampouco! Desde 2015 que tenho acompanhado nas escolas o uso do desodorante para inalação de jovens, uma droga encontrada em qualquer mercearia. Tenho acompanhado as automutilações de adolescentes (por problemas diversos como namoro, conflitos familiares e abusos sexuais) e as brincadeiras de sufocamento. E as escolas, o que podem fazer? Fazem o que podem! O que falta hoje é uma rede integrada de políticas públicas nas áreas da educação, saúde psicossocial e assistência social as famílias. Mas, em vez do governo aumentar o número de CRASS, fecham. As famílias em muitos casos também são vítimas por falta de uma política pública de assistência social efetiva. Os professores têm que parar com o discurso de colocar a culpa nas famílias; temos casos e casos e não podemos generalizar. Às vezes a culpa está na própria escola que exclui o aluno que tem dificuldade de aprendizagem, tachado de preguiçoso, burro e outros adjetivos.
Aos pais, não existe receita pronta para evitar que estas doenças do século XXI, dos adolescentes cheguem em suas casas, mas comece a amar, a cuidar, dialogar, a se dedicar à educação dos seus filhos. Aos professores, cumpram seu papel, reflitam sobre sua prática diária em sala de aula ou fora dela. Você é exemplo para centenas de alunos. Aos governos, abram os olhos e enxerguem os problemas e tenham ações eficazes. Saiam dos gabinetes e dos discursos recheados de batons...
Professor Luciano Coelho de Oliveira – Pedagogo, Orientador Educacional – Técnico da SEMED Palmas.
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