Dia de renovar votos com a responsabilidade social

Em meio a desafios como desinformação, crise econômica e avanço da tecnologia, jornalismo resiste com ética, empatia e compromisso com a verdade

Crédito: Reprodução/Instagram

Nesta segunda-feira de comemorações pelo Dia do Jornalista, celebrado pela Prefeitura de Palmas com um café da manhã oferecido pelo prefeito Eduardo Siqueira Campos, fui desafiada por minha parceira de labuta, Roberta Tum, a avaliar a quantas anda a nossa surrada profissão.

 

Creio que daqui não sairão muitas novidades. É verdade que estamos atravessando uma crise existencial: não há mais exigência de diploma de Comunicação Social para o exercício da profissão, salvo em instituições que exigem concurso público; a Inteligência Artificial e os equipamentos de última geração dão a sensação de que novas contratações são desnecessárias; e, principalmente, nos perguntamos se o público realmente busca a apuração dos fatos ou apenas a confirmação de suas convicções.

 

Nem vamos entrar aqui nas conjunturas econômicas que afetam a sobrevivência dos veículos e resultam em salários cada vez mais achatados.

 

A questão central é que nossa sociedade nunca teve acesso tão rápido a um volume tão incrível de informações e, mesmo assim, se avaliarmos os dois últimos séculos, talvez nunca estivemos tão desinformados.

 

Acessar sem compreender — ou pior, acessar para manipular — se tornou tão comum quanto tomar um açaí nesse calorão tocantinense. O uso da informação como arma, para atingir emocionalmente pessoas que não foram preparadas para interpretar dados com frieza e criticidade, é um sintoma grave do nosso tempo.

 

Sim, Roberta, é muito difícil manter a coerência, a eficiência e o hábito de checar versões e confirmar fontes enquanto o vizinho gargalha da piadinha recebida pelo WhatsApp, onde um pai diz ao filho que os jornalistas sempre informam tudo errado.

 

Imagine gastar uma hora para publicar uma matéria com contexto e responsabilidade, enquanto a rede social, rápida como o próprio nome, já mastigou mil vezes uma "fofoca" mal explicada em menos de 300 toques?

 

Mas, diante de tudo isso, não passa nem de longe a ideia de desistir. Afinal, somos resistência. Nem todos, é verdade, mas uma parte significativa de nós, sim.
Nunca vou esquecer da palestra do jornalista Vinícius Dônola, convidado pelo Ministério Público do Tocantins em 2022, e que deixou grandes lições. Primeiro: sempre haverá alguém com uma boa história a ser contada. Segundo: pode até não parecer, mas nosso papel neste momento da história é ainda mais relevante.

 

Portanto, hoje não é dia de comemorar nossa profissão, mas de renovar nossos votos com a responsabilidade social. E seguir, mesmo sob sol escaldante e timelines sombrias, com o compromisso de informar com ética, empatia e coragem.

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