Dia Internacional da Luta das Mulheres frente aos desafios contemporâneos

Cynthia Mara Miranda (D) e Ana Lúcia Medeiros (E)
Descrição: Cynthia Mara Miranda (D) e Ana Lúcia Medeiros (E) Crédito: Montagem T1 Notícias - Divulgação

O dia 8 de março simboliza internacionalmente a luta das mulheres por igualdade. Essa data representa a resistência contra o preconceito, o machismo, a violência e o feminicídio. É um momento para reafirmar a importância da equidade de gênero, especialmente no Brasil, onde muitos desafios ainda persistem para o avanço na conquista dos direitos das mulheres.

 

Para entender melhor os desafios enfrentados pelas mulheres no Brasil, é fundamental observar indicadores como o Índice de Igualdade Global de Gênero, produzido pelo Fórum Econômico Mundial desde 2006. Os dados de 2024 apontaram que o Brasil ocupa a 70ª posição entre os países analisados. Essa posição é muito desfavorável e evidencia a urgência na implementação de estratégias para avançar nas políticas de igualdade. O índice avalia as lacunas de gênero em quatro dimensões principais: participação e oportunidade econômica, nível educacional, saúde e sobrevivência, e empoderamento político.

 

Entre as quatro dimensões, a que apresentou dados mais negativos para o Brasil foi a de empoderamento político, que se refere à participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. Apesar de as mulheres brasileiras estarem, cada vez mais, ampliando seu nível de desenvolvimento educacional — o que favorece diretamente o aumento das oportunidades econômicas — elas não têm avançado na representação política na mesma proporção.

 

A representação política, entendida como a ocupação de cargos de gestão e decisão, é fundamental, pois é nesse espaço que são tomadas decisões que impactam diversas esferas da sociedade. Quando as mulheres estão ausentes desses espaços, as chances de as políticas públicas refletirem diretamente suas necessidades e demandas diminuem consideravelmente.

 

Em nosso Estado, o Tocantins, a subrepresentação política das mulheres é visível. Na Assembleia Legislativa, são apenas três deputadas estaduais; na Câmara Federal, não temos nenhuma deputada; e no Senado Federal, há apenas uma senadora. Na Câmara Municipal de Palmas, existem seis vereadoras para um total de 23 vagas. Não há nenhuma governadora nos estados da região Norte, e, no Brasil, atualmente, existem apenas duas governadoras (no Rio Grande do Norte e em Pernambuco). Estamos longe de alcançar a paridade de gênero na representação política, ou seja, a ocupação de pelo menos 50% dos cargos eletivos.

 

No que tange às universidades públicas federais, existem 69 no Brasil. Quando observamos o gênero dos dirigentes dessas instituições, vemos que 36% são mulheres, e 28% delas assumiram seus cargos entre 2021 e 2022, enquanto 72% tomaram posse após esse período.

 

Na Universidade Federal do Tocantins (UFT), somos 746 servidoras e 736 servidores. Quando observamos os dados dos que ocupam cargos e funções gratificadas, percebemos que, na maioria dos cargos, há uma certa equidade. Por exemplo, no cargo de FG1 (215 funções no total), que tem atribuição de coordenação, 46% das posições são ocupadas por mulheres. No cargo de CD4 – direção (14 cargos no total), sete são ocupados por mulheres, enquanto no de CD3 (8 cargos no total), quatro são ocupados por mulheres. Por fim, no cargo de CD2 (10 cargos no total), que é o segundo maior em remuneração, três mulheres ocupam esses postos, sendo uma delas negra.

 

No entanto, é importante refletir sobre o fato de que a participação das mulheres nos cargos de liderança na universidade, embora significativa, ainda é inferior à dos homens. A discrepância entre o número de servidoras e a participação delas nos cargos de gestão é um ponto que precisamos discutir. A Universidade deve ser um espaço plural, e a equidade de gênero deve se refletir também nos espaços de poder e decisão.

 

Uma democracia se fortalece com a participação plural, o que exige o reconhecimento da diversidade e o pleno exercício das capacidades de todas as cidadãs e cidadãos. Nesse sentido, ampliar a presença das mulheres nos espaços de poder e decisão é essencial — não apenas nas Assembleias Legislativas, no Congresso Nacional e nas Câmaras Municipais, mas também em cargos de gestão pública — para garantir uma representação verdadeiramente diversa e equitativa da população. Isso está em consonância com o que estabelece o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 da Agenda 2030, que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

 

Diante desses dados, e no ano em que se celebram os 30 anos da IV Conferência Mundial sobre a Mulher, a estimativa atual das Nações Unidas aponta que seriam necessários 300 anos para alcançar a igualdade de gênero no mundo. Um dos campos em que essa desigualdade é mais evidente é a representação política, onde as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para ocupar espaços de poder e decisão.

 

Portanto, é necessário refletir, hoje e todos os dias do ano, sobre os desafios que ainda precisamos superar para apoiar e valorizar as mulheres na construção de um futuro mais justo, plural e sustentável. Precisamos de ações concretas e políticas públicas que garantam a participação igualitária das mulheres nos espaços de decisão. Afinal, o lugar da mulher é onde ela quiser!

Comentários (0)