Inclusão é aceitar a pessoa com as suas características, pois é difícil crer que em razão dessas características, muitas vezes inatas, pessoas são discriminadas, excluídas do meio social. Mas, essa é a realidade que obriga a elaboração de leis que conferem direitos das pessoas com deficiência poderem transitar e conviverem em sociedade.
Muitas pessoas defendem a inclusão da pessoa com deficiência nos espaços laboral e escolar, falam da acessibilidade e da mobilidade urbana como fatores a serem estudadas, modificadas e alteradas. É o discurso de não relegar a pessoa com deficiência, qual seja a deficiência: física, mental, intelectual ou sensorial, à sua “prisão”, local que se transforma a casa. Muitas vezes é somente o discurso.
As pessoas que não tenham uma relação direta com uma pessoa com deficiência utilizam-se de um discurso próximo a demagogia sobre a inclusão. Entretanto, ao depararem com a necessidade de colocar em pratica o discurso, buscam transferir suas responsabilidades para outrem, tratando a pessoa com deficiência como objeto, coisa ou algo similar. Para tanto, utilizam de justificativas que se tornaram clichês: espaço impróprio, mobiliário inadequado, ausência de acessibilidade, etc.
Isso vem ocorrendo em instituições públicas, que deveriam zelar e assegurar os direitos dessas pessoas. Com certeza não se trata das instituições como um todo, mas de certos representantes que se dizem defender os direitos. No entanto, eles discriminam, excluem, ainda que veladamente, pois ao invés de buscar soluções para facilitar a inclusão de pessoas com deficiência, simplesmente ignoram medidas, muitas vezes, simplórias, para dirimir obstáculos. Acabam por tratar ou transferir o problema, se de fato seja um problema, apresentando dificuldades imensas que rotulam como incontornáveis, quando incontornável é a deficiência uma vez que é definitiva, permanente.
A discriminação para a pessoa com deficiência ainda é forte, arraigada, há uma verdadeira ojeriza em relação à essa parcela da população, pode-se afirmar que esses defensores dos direitos da pessoa com deficiência praticam um discurso vazio, demagógico, verdadeiramente possuem deficiência no CARÁTER.
Inclusão se contrapõe a discriminação, as pessoas com deficiência não são dependentes de auxílio, favor, são iguais nos direitos e deveres.
José Kasuo Otsuka é Promotor de Justiça aposentado - MPE/TO; Mestre em Gerontologia Social – PUC/SP.
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