Há cinco anos, o costumas vitorioso João Ribeiro, o João do Povo, o João da Ótica, o João do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, que fora vereador de Araguaína e deputado estadual por Goiás, depois se tornou prefeito daquela que era conhecida como a capital do Boi Gordo, conquistando ainda dois mandatos de deputado federal e igualmente dois de senador da República, perdia uma luta que travou bravamente contra uma doença agressiva por demais. Mais precisamente em 18 de dezembro de 2013, o senador João Ribeiro nos deixava consternados com sua partida, nós que ainda sonhávamos de vê-lo brilhar cada vez mais no Senado Federal, ou mesmo ocupando a cadeira de destaque maior do Palácio Araguaia.
Quis o bom Deus que eu, que um dia fui seu assessor, de 1983 a 1988, com as memoráveis lembranças da campanha pela Prefeitura de Araguaína daquele ano histórico que marcou a criação do Tocantins, fosse agraciado pela soberania do voto popular para me tornar senador neste ano de 2018. Assim como João, também fui vereador e pude até, como presidente da Câmara, exercer interinamente o cargo de prefeito de Palmas. Depois vieram os três mandatos de deputado federal e, agora, me preparo para logo mais, em fevereiro, começar uma nova missão: a de bem representar o meu estado no Senado Federal.
E nesta hora, os pensamentos voam longe. Se é fato que o amor pela política séria, solidária, de doação e construção permanente de melhorias na vida das pessoas teve no poeta José Gomes Sobrinho, meu pai, o fomento mais elementar do meu caráter, foi em João Ribeiro que o meninote de 17 anos, lá em 83, encontrou um líder a ter como modelo, um mestre sem instruções acadêmicas, mas com a sabedoria do lidar com o povo e a ânsia de dar respostas palpáveis às suas necessidades. Algo que depois fui igualmente descobrir no aprendizado e na convivência com Siqueira Campos, que hoje me honra sendo meu primeiro suplente.
Por isto, o legado de político presente, de político “despachante” que não se importava de largar o gabinete e bater de porta em porta de ministérios e autarquias federais atrás de recursos para os municípios tocantinenses, de homem público que procurou até o último dia fazer valer o seu compromisso de atender prefeitos que quisessem o melhor para seu povo, independente da coloração partidária ou de nele ter votado, eu quero levar para o meu mandato.
Desnudo-me de qualquer vaidade política ou pessoal para dizer que ao lembrar da partida de João Ribeiro nestes últimos dias, só uma aspiração me tomava: o real desejo de voltar a ser um assessor, agora um aprendiz de Senador em excelência, como ele, o João do Povo, indiscutivelmente, foi. E nesta hora, os versos dos compositores Fausto Nilo e Geraldo Azevedo me tomam em emoção:
Quando fevereiro chegar
Saudade já não mata a gente
A chama continua no ar
O fogo vai deixar semente
A gente ri, a gente chora
Ai ai, ai ai, a gente chora
Fazendo a noite parecer um dia
Faz mais
Depois faz acordar cantando
Pra fazer e acontecer
O fogo de João Ribeiro deixou sim semente, sua chama continua no ar, e quando primeiro de fevereiro chegar, sei que comigo ela estará, para juntos fazermos acontecer. De assessor a senador, com a certeza que pelo caminho tive bons mestres, e que o senador João se inscreve dentre os mais importantes.
Eduardo Gomes é senador eleito pelo Tocantins, e eterno assessor e aprendiz.
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