A semana começou com um verdadeiro bombardeio das oposições contra o prefeito Carlos Amastha – PSB, o mote utilizado por cada um foi “o patinho feio”! Segurei para não fazer nenhuma análise, não quero cometer injustiças contra ninguém, mas analisando todos os posicionamentos, senti no direito de emitir uma opinião pessoal sobre o mote da discórdia, “o patinho feio”.
Para iniciarmos a análise é preciso uma viagem temporal e começa na fundação de Palmas em 1990. Nesta época, Palmas era um acampamento de migrantes, que apostava suas fichas no “novo eldorado brasileiro”. O primeiro prefeito Fenelon Barbosa fez muito com pouco. Faltaram a ele três coisas: Tempo, dinheiro e visão. O mandato foi meio tampão, o momento político era conturbado no País e não ter escolhido uma área primordial, para investimento, ter deixado sua marca.
O primeiro prefeito eleito Eduardo Siqueira Campos comandou o paço municipal de 1993 a 1996, arregaçou as mangas, fez grandes obras estruturantes, levou água potável às famílias eliminando os caminhões pipas. Pavimentou ruas e avenidas, criou quadras, construiu escolas, o espaço cultural, iniciou a iluminação da Teotônio Segurado e praça do bosque. Foram tantas outras obras importantes, que Eduardo conquistou o carisma da população (pioneiros), além de uma boa articulação política com o governo federal. Eduardo mostrava-se um grande político de carreira promissora.
De 1997 a 2000, assumiu o comando do paço municipal o médico Dr. Odir Rocha. Testado como prefeito de Colinas, foi o nome escolhido por Eduardo Siqueira para sucedê-lo. Coube a Odir Rocha consolidar o que Eduardo Siqueira havia começado. O tempo que os jardins e praças floridas começaram a dar os seus contornos suaves a nossa bela capital. Quadras poliesportivas para nossa juventude, mais escolas. A saúde municipal funcionou de forma eficiente. Odir Rocha foi um prefeito que acompanhava tudo de perto, tinha prazer em sair cedo do seu gabinete acompanhado de alguns auxiliares para fiscalizar. Tinha tudo para ser reeleito, mas como não aceitou ser comandado por Eduardo Siqueira, sofreu um duro golpe e foi substituído por uma desconhecida Nilmar Ruiz. A força do grupo político comandado por Siqueira (pai) e Siqueira (filho), a União do Tocantins – TO na época era tamanha que elegia quem quisesse, até um “poste” brincavam alguns nas rodas politicas. Palmas caminhava para adolescência e sua beleza imponente chamava atenção de investidores. Para trás foram ficando companheiros de primeira hora Antônio Jorge, Marisa Sales, Maria da Balsa, Rogério Alves, Raimundo Boi, Juarez Giovanetti e por aí vai...
Nilmar Ruiz venceu uma eleição contestada e apertada com uma diferença de apenas 1.563 votos. Professora Nilmar Ruiz foi segundo professores mais antigos da rede municipal, foi a pior prefeita para educação, mas foi gigante em eventos como Palmas Parque, Carnaval fora de época, praia da graciosa, festival gastronômico, catalogação das cachoeiras de Taquaruçu, o empoderamento do turismo da capital e região. Mas tudo isso não foi suficiente para ser reeleita. O desgaste do seu grupo político era grande. O desejo de mudança estava latente no eleitorado palmense, Raul Filho era o nome imbatível e venceu a eleição com uma larga vantagem de 28.229 votos de frente. A sociedade deu um recado claro contra o cabresto e abusos políticos da época. A União do Tocantins – UT sofreu sua primeira derrota. Seu fim estava com os dias contados, a esperança da liberdade politica aflorava.
Raul Filho fez um primeiro governo 2005 a 2008 eficiente, com bons técnicos a frente de pastas importantes como Saúde, Educação e Infraestrutura, além do seu carisma peculiar, Raul efetivamente se tornou o prefeito do povo, vencendo fácil sua reeleição contra Nilmar Ruiz bancada pela maquina estadual comandada por Marcelo Miranda e o jovem Marcelo Lélis, aposta do grupo de Eduardo Siqueira.
O segundo mandato foi pífio, 2009 a 2012, Raul Filho rodeado de crises existenciais, escândalos nacionais, abandonou a cidade com mato, lixo, buracos, dengue, popularidade em queda livre. O que salvava sua gestão era a educação comandada por Danilo Melo Souza.
Daí surgiu o empresário, o marqueteiro e pretendente a politico na época Carlos Amastha, aproveitando o “patinho feio” deixado por Raul Filho, levou para as ruas um discurso que o povo queria ouvir, vencendo fácil a sua primeira eleição. Contra tudo e contra todos, Amastha iniciou seu mandato tomando medidas impopulares, deu sequencia as obras da gestão anterior com a sua marca, se tornou o primeiro prefeito midiático das redes sociais interagindo com a população, criou muitos adversários. Deu nova roupagem ao festival gastronômico, trouxe grandes eventos esportivos (Iron Man e Jogos Mundiais Indígenas). Para os religiosos, criou o Palmas capital da fé, sem falar do natal dos sonhos e o show da virada de ano. A educação continua sendo o carro chefe da gestão. A saúde também tem seu brilho próprio. A cidade voltou a ser bem cuidada, sua beleza encanta quem por aqui chega. Amastha se reelegeu em 2016 e se tornou um forte candidato para suceder Marcelo Miranda no Palácio Araguaia.
E daí vem a polemica do “patinho feio”. Ele fez alusão de “patinho feio” a palmas, justamente pela incompetência, soberba, descaso dos homens e mulheres que até aqui foram hegemonia politica em Palmas e no estado do Tocantins. Não preparam lideres para sucedê-los. Deixou pelo caminho companheiros leais e agora tem que aceitar um grupo de fora do Tocantins comandar a politica com inteligência, bom marketing e não adianta espernear, Amastha é uma realidade que incomoda e vai incomodar muita gente. Eduardo Siqueira, por exemplo, não deu continuidade ao seu trabalho, o carisma conquistado dos palmenses. Abandonou companheiros, vislumbrou com o poder do Congresso Nacional e achou que era imbatível, esqueceu que os votos são conquistados aqui. Fora as acusações de corrupção que até agora não provaram nada contra ele. Hoje, Eduardo Siqueira corre contra o tempo perdido, um dos políticos mais inteligentes e competentes em gestão que conheci, falta a ele confiança dos lideres.
Raul Filho em suas crises existenciais abandonou Palmas, companheiros e perdeu a oportunidade de consolidar como um grande líder e governar o Estado. O “patinho feio” foi deixado por Raul Filho, que entregou a “varinha de condão” de graça nas mãos de Carlos Amastha que sabiamente tomou para si tudo que os outros fizeram e não souberam capitalizar politicamente. Palmas era ou não era um “patinho feio” em dezembro de 2012? Toda cheia de buraco, mato, lixo pra todo lado, dengue, e sem comando, enfim uma cidade linda, mas mal cuidada. E foi neste contexto que entendi a fala alusiva de Carlos Amastha.
Agora os principais opositores, Siqueira (pai) Siqueira (filho), Marcelo Miranda, Claudia Lélis, Wanderley Barbosa dão voz a Carlos Amastha ao polemizar o que ele disse. Estão jogando errado.
Luciano Coelho de Oliveira é professor.
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