Polícia Militar x Polícia Civil

Para Yanna Barbosa, é hora de orientar, de capacitar e sobretudo, é hora de respeitar.

 

Antes de começar quero deixar registrado, para os que não me conhecem, que apesar de afastada há alguns anos faço parte sim, da corporação Polícia Militar. Entramos em 2000 através de um concurso público cujo edital era um amontoado de inconstitucionalidades.  Imperfeições que atingiam,  em cheio a Polícia Civil.

 

As competências das duas polícias são distintas. A PM fardada é responsável pela manutenção da ordem pública e a PC responsável, dentre outras atribuições, pela investigação. Mas o objeto é o mesmo. E isso dificulta as coisas. Não existe hierarquia entre elas.

 

A PM conta hoje com um efetivo de aproximadamente 5.000 homens enquanto o efetivo da PC não chega nem a um terço disso.

 

A animosidade entre as duas forças é comum na maioria dos estados brasileiros, mas, a história do Tocantins agravou tudo isso. Desde a criação do Estado, quando um Coronel da PM foi nomeado Secretário de Segurança Pública e quando  concursos da Polícia Civil  foram questionados judicialmente por questões de inconstitucionalidades gritantes. Sempre houve, em nível de governo, questões conflitantes entre as duas polícias que desceram “goela” abaixo, ora por uma, ora por outra. E isso tudo refletiu aqui em baixo.

 

Podemos notar isso pelo número de comentários na matéria onde, um episódio entre um policial civil e a PM resultou  em notas de esclarecimentos por parte das duas polícias. Virou um emaranhado de desabafos. Ali  a gente leu  de tudo e o que era para ser uma simples abordagem a um carro descaracterizado virou “caso de polícia”.

 

Independente do que tenha acontecido no local, da identificação ou não do policial civil, se ele  andava ou não em zigue zaque, o mesmo estava sem habilitação e isso basta, sendo ele membro da polícia que for, do poder que for. Não existe abordagem truculenta para quem está agindo corretamente, não existem exageros para quem colabora. Educação, documentação em ordem e humildade teriam evitado todo esse caos. Não se defende um erro apontando outro.

 

A questão não é  o número de viaturas que chegou ao local,  não é o ocorrido em Paraiso - um episódio envolvendo também policiais civis, e nem é a mágoa que grande parte da corporação  tem em relação à prisão de suposto grupo de extermínio em Gurupi.  A questão é,  cada um saber, exatamente, até onde vai a “autoridade” do outro, até onde o “eu posso” e “eu faço” atinge o círculo de competência do outro. Estamos lidando com agentes armados e cada palavra mal interpretada,  cada gesto mal pensado pode resultar numa tragédia. Isso vale, inclusive para os  representantes de categoria.

 

Não vamos deixar que essa história, cheia de tropeços, atinja a segurança pública, respingue no cidadão. É hora de orientar, de capacitar e sobretudo, é hora de respeitar.

 

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