Por uma universidade mais viva e inclusiva

Embora tenhamos nos esforçado para ampliar o acesso ao ensino superior e garantir a permanência de nossos estudantes, ainda enfrentamos desigualdades consideráveis

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A Universidade Federal do Tocantins (UFT), desde sua fundação em 2003, tem se consolidado como uma instituição de relevância, desempenhando um papel significativo no desenvolvimento educacional, econômico, cultural e social na região Norte do Brasil. Seu crescimento é fruto do esforço conjunto da comunidade educativa, que tem respondido às demandas da sociedade, criando novos cursos de graduação e pós-graduação (lato e stricto sensu), promovendo pesquisas e realizando programas e projetos de extensão. Isso tem permitido que a UFT se aproxime cada vez mais da sociedade, rompendo barreiras e mantendo o diálogo com a comunidade.

 

Nos últimos anos, as universidades brasileiras têm enfrentado desafios complexos, que vão além da questão orçamentária. Os cortes significativos afetaram a infraestrutura das universidades, os salários de professores e técnicos administrativos, o financiamento de pesquisas, a oferta de bolsas de estudo e os recursos para manutenção de laboratórios. Embora tenhamos nos esforçado para ampliar o acesso ao ensino superior e garantir a permanência de nossos estudantes, ainda enfrentamos desigualdades consideráveis, especialmente entre estudantes de baixa renda, negros e negras, e populações das zonas rurais, realidade que também se reflete no Tocantins.

 

Um dos maiores desafios que a universidade enfrenta atualmente é equilibrar suas funções científicas com responsabilidades econômicas, sociais, culturais, artísticas e éticas. A universidade precisa estar conectada em rede, tanto internamente entre seus diversos campos do saber, quanto com outras instituições, nacionais e internacionais. Seu papel de protagonista é, portanto, essencial, pois o conhecimento gerado deve ser o elo que une os diversos projetos inovadores, que vão além de ensino, pesquisa e mobilidade discente e docente, abrangendo também o desenvolvimento econômico, social e cultural da região e do país.

 

A universidade do presente e do futuro deve ser uma instituição que se conecte com as pessoas e seus saberes, promovendo um sentimento de pertencimento. Em suas práticas diárias, ela deve se demonstrar uma formação cidadã, empática e inclusiva, que articula pessoas, projetos e ações em busca de soluções para problemas comuns. Essa aproximação e o respeito às diferenças culturais, sociais e econômicas são fundamentais para a construção de uma universidade plural e diversa. Precisamos revitalizar a universidade, tornando-a mais dinâmica, aberta às pessoas e para as pessoas.

 

Nesse sentido, é essencial que a universidade adote um projeto que valorize a inclusão, a equidade e a representatividade. Não podemos avançar sem um diálogo constante com os atores sociais, tanto internos quanto externos à UFT, estabelecendo diretrizes e estratégias claras para derrubar barreiras e construir pontes com a sociedade. Afinal, nossa missão é contribuir para o seu desenvolvimento cultural, social e econômico. A governança inclusiva, a transparência e a garantia da participação democrática de todos os grupos sociais são requisitos indispensáveis para essa missão. A universidade precisa estar constantemente atualizada e com relevância social. Para isso, devemos garantir que os currículos dos cursos estejam alinhados com as demandas de quem busca conhecimento para se inserir de forma produtiva e cidadã tanto localmente quanto globalmente. Que sejamos uma universidade inclusiva, com a cara de todos os tocantinenses e brasileiros.

 

O ensino, a pesquisa e a extensão devem estimular a participação ativa de professores e estudantes em projetos que abordem temas emergentes e relevantes para a sociedade. A universidade nunca pode perder sua conexão com a comunidade; projetos de extensão e parcerias locais são fundamentais para promover o envolvimento direto da universidade com as necessidades da população. A colaboração com empresas, ONGs e governos locais também é essencial para fomentar o desenvolvimento regional, local e para impulsionar a inovação.

 

Além disso, é necessário investir em uma infraestrutura tecnológica moderna e acessível, que permita à comunidade acadêmica desenvolver suas atividades com eficiência. Este é um desafio que temos enfrentado e que continuaremos a superar.

 

Por fim, não podemos esquecer do apoio aos estudantes e da reestruturação organizacional. Devemos aprimorar os serviços de suporte acadêmico, psicológico e social para ajudar nossos estudantes a superar as dificuldades durante sua trajetória universitária. Sabemos que a permanência dos estudantes na universidade depende de infraestrutura adequada, da sua organização acadêmica, bolsas e auxílios. Além disso, precisamos facilitar o acesso dos estudantes a estágios e empregos, preparando-os para o mercado de trabalho e para uma vida digna.

 

Maria Santana Ferreira Milhomem - Doutora em Educação pela Universidade de Brasília (2018). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Atualmente é Professora Adjunta III do Curso de Direito e Pró reitora de Extensão Cultura e Assuntos Comunitários da Universidade Federal do Tocantins de 2016 até a presente data. Coordenou o FORPROEX Região Norte 2019 a 2021. É Professora do Programa de Pós graduação em Estudos de Cultura e Território e do Programa de Gestão em Politicas Públicas. Tem experiência com comunidades tradicionais, atuando principalmente nos seguintes temas: Saberes, decolonialidade, etnia/raça, educação intercultural, e violência.É coordenadora do Projeto Incubadora Social e do Centro de Idiomas da UFT. Atua como presidente da Comissão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

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