Promover ou não carnaval em Palmas, eis a questão!

Veja o que o jornalista Flavio Herculano fala a possibilidade de realização do carnaval em Palmas, suspenso desde 2011.

Último Carnaval aconteceu em 2011
Descrição: Último Carnaval aconteceu em 2011 Crédito: web

 Dada a urgência dos preparativos e a morosidade natural da coisa pública, em janeiro, numa das primeiras vezes em que empunhar a caneta de prefeito, Carlos Amastha o fará para dar as diretrizes do carnaval 2013 – isto, caso decida retomar as festividades em Palmas, suspensas desde 2011, sob o argumento de que a prefeitura tem outras prioridades e de que cabe à iniciativa privada patrocinar a festa.



Um lobby, batizado de “QueroCarnavalPMW”, já foi arquitetado para convencer sobre o retorno da festa. Foi até lançado em bar grã-fino. Talvez o novo prefeito ceda ao lobby, ou talvez realize o carnaval por convicção, apostando nos resultados que ele pode trazer à cidade. Talvez, ainda, decida que o município continuará não patrocinando a alegria do rei Momo e de seus súditos.



Caso opte pelo carnaval, decisão tão importante quanto realizá-lo será qual o formato será dado à festa. Palmas já tentou muitos e, a meu ver, nenhum funcionou de fato – o que me leva a concordar com os argumentos da Fundação Cultural, de que a cidade não tem identidade com o carnaval, como acontece com Brasília, que nos serviu de modelo. Naturalmente, muitos discordarão. Reforço: esse é o meu ponto de vista.



Aqui, já vi cópia mal feita do carnaval do Rio de Janeiro, com escolas de samba bizarras. E não me leve a mal seus organizadores: não dá para tentar reproduzir com tostões uma estrutura originalmente feita com milhões.



Vi também, em Taquaruçu, alguns bonecos gigantes, como os de Olinda. A diferença é que eles arrastavam menos que uma dezena de pessoas, e não uma multidão.
 


Porém, alguns lembrarão, saudosos, do carnaval feito nos moldes de Salvador, realizado, primeiramente, na avenida Teotônio Segurado, e, depois, transferido para a pista do antigo aeroporto. Anunciado como um dos maiores carnavais do Norte do país (o tocantinense e sua mania de superlativos!), era uma festa realmente de muito brilho, com direito a circuito fechado, camarotes e trios elétricos que conduziam estrelas do axé. Mas os trios, ressalte-se, eram cercados por cordas, que restringiam o acesso aos pagantes. Assim como eram restritos os camarotes.



Nessa festa, cabia ao poder público arcar com as despesas de uma mega estrutura, além do aparato básico de segurança e assistência à saúde. Encontrando a parte física montada, empresários arcavam com os cachês artísticos e faturavam alto com a venda de abadás.



É bem verdade, no carnaval soteropolitano de Palmas a “pipoca” se divertia em um grande túnel com luzes nervosas e música eletrônica (sim, música eletrônica!). Mas era um número de pessoas que não justificava a grandiosidade dos gastos, especialmente por ser uma festa noturna, que parecia durar apenas o tempo necessário para o registro de imagens para os telejornais. Bem diferente de lugares onde há verdadeira energia carnavalesca. E não vou longe. Cito as interioranas Dianópolis e Gurupi, onde os foliões dormem tarde e acordam cedo nos dias de festa.



Samba, axé ou frevo, de tudo já se experimentou por aqui. Mas nunca vi em Palmas o verdadeiro carnaval de rua, espontâneo, alegre e contagiante. Talvez ele não se harmonize com as avenidas largas da última capital brasileira planejada do século 20.



Mas, quem sabe, não caiba nova tentativa, mais uma, melhor definida com base nas experiências anteriores. Talvez encontre-se algum formato de carnaval que realmente combine com Palmas. Afinal, não sou eu quem vai opinar que se jogue um balde de água fria no confete alheio.

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