PT 45 Anos: O desafio de renovar e fazer o Partido feliz de novo!

O Brasil e o Tocantins ainda são profundamente desiguais, e nossa luta continua essencial

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O Partido dos Trabalhadores completa 45 anos de história, e este marco nos convida a refletir sobre o presente, celebrar nossas conquistas e preparar o futuro. O Brasil e o Tocantins ainda são profundamente desiguais, e nossa luta continua essencial. Nós, da nova geração do PT, temos a responsabilidade de honrar o legado de gigantes que nos antecederam, como Raimunda Quebradeira de Coco, Maria Senhora, Célio Moura, Freitas do PT, Donizeti Nogueira, José Santana, Eutália Barbosa, Bismarque, Amália Santana e tantos outros que construíram este partido com suor e dedicação.

 

O PT sempre se destacou por apresentar quadros qualificados para a Administração Pública e o Legislativo. No entanto, a era digital trouxe um desafio: enquanto a extrema-direita se apropriou das redes com mentiras, nós ficamos para trás. Precisamos recuperar nossa excelência na comunicação e formar novas lideranças que compreendam essa realidade.

 

No entanto, a formação de quadros do PT tem sido golpeada pelo personalismo. Confundir os interesses do partido com projetos individuais de mandatários e gestores compromete nossa força coletiva. Alguns dirigentes resistem em abrir espaço para novos militantes, perpetuando grupos fechados e enfraquecendo o PT. Renovar não é desmerecer a experiência, mas garantir um partido vivo e dinâmico.

 

O PT tem militantes comprometidos e atuantes no Tocantins, mas muitos são invisibilizados. Quantos sabem da jovem militante que sempre está em assentamentos e movimentos de moradia, assessorando-os voluntariamente com seus conhecimentos e organizando os trabalhadores? Ou do companheiro que desenvolve um projeto comunitário focado na permanência de crianças na escola por meio do esporte, com grande êxito? E dos jovens que estão transformando a realidade camponesa no sindicato de trabalhadores rurais? O PT deve mostrar para a sociedade a qualidade dos seus!

 

Nem mesmo os gestores federais são poupados dessa lógica. O trabalho excepcional do companheiro Edy César na SPU/TO é exemplo nacional pela excelência desempenhada. De igual forma, o companheiro Diego Montelo tem feito um grande trabalho no MDA no Tocantins, levando nosso estado ao terceiro lugar nacional na liberação de crédito fundiário, um feito que merece amplo reconhecimento. E o fato de ser o pré-candidato preferido e querido do atual presidente do PT não me impede de aplaudi-lo – ainda que represente a continuidade de tudo isso que está aí, porque uma coisa é o Governo, outra coisa é o PT.

 

A diversidade de correntes sempre foi nossa força, mas hoje, quem não está no grupo do atual presidente é tratado como inimigo, alvo de um sectarismo que nem aos fascistas se dedica. O debate se tornou unilateral: ou se concorda, ou se é expurgado, literalmente, do partido. Isso não é o PT que construímos, nem o PT que queremos. Precisamos recuperar o diálogo e a democracia interna, pois a unidade real não se impõe, se constrói.

 

A história recente escancara os prejuízos desse fechamento. O deputado federal Célio Moura teve sua reeleição sabotada por disputas internas, e o resultado foi a perda de uma cadeira fundamental para o partido. Da mesma forma, na convenção de 2022, tentaram barrar a candidatura de Amália Santana, e só garantimos seu direito após recorrer à Executiva Nacional. Eu, como seu advogado, lutei e vencemos. Mas quem realmente ganhou com isso? Certamente não foi o PT, nem o povo tocantinense.

 

Devemos recuperar o PT da militância, aquele em que cada companheiro e companheira se sente parte de um projeto maior. O partido deve ser um espaço de construção coletiva, onde dirigentes estejam comprometidos em fortalecer o PT e não apenas suas próprias carreiras políticas.

 

Precisamos fazer o PT feliz de novo. Quando um companheiro segurar na mão de outra companheira ou companheiro, que veja nela(e) um(a) grandiosa(o) militante contra a fome, contra a doença, pela igualdade social. Nossa luta é contra a fome, a desigualdade, a destruição ambiental e o retrocesso. 

 

 O reconhecimento deve vir pelo compromisso e pela história construída, não por conveniências de ocasião. Aqueles que constroem a luta na base devem ser exaltados e preparados para assumir os espaços, com um PT que esteja com dirigentes comprometidos em fortalecer o partido, e não apenas ocupá-lo.

 

A felicidade precisa de poesia, e como no PT o coletivo prevalece, faço um pequeno ajuste nos versos já conhecidos de Mário Quintana: “Todos estes que aí estão/ Atravancando nosso caminho/ Eles passarão/ Nós passarinhos”.

Viva o PT!

 

Nile William é advogado, professor de Direito do IFTO, militante apaixonado pela poesia que é a luta do povo, ou seja, o PT.

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