Quando é que se peca para morte?

"Se alguém vir pecar seu irmão pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniquidade é pecado, e há pecado, que não é para morte”. (I João 5: 16,17).

O primeiro ponto a se pensar é que todo pecado é transgressão da lei de Deus. Então diretamente dizendo, o pecador é contra Deus e seus princípios estabelecidos. Mas nem sempre, pois também pecamos contra nosso irmão (Mt 18: 15-22. E 5: 23-26), e contra o nosso corpo. (I Cor. 6:15-20. 5: 1-5). Tendo como resultado fraquezas, doenças e morte física. (I Cor. 11:30-32).

A Bíblia diz que "o salário do pecado é a morte" (Rom. 6:23 ), portanto, deve ser bem claro que isso se aplica também ao filho de Deus que deliberadamente decide viver na prática de pecar.

Ora, como toda a iniqüidade é pecado e pecados existem de muitos gêneros e tamanho, é necessário examinar as Escrituras para saber em que consiste este pecado que é para morte. E isto deve ser feito com muito critério, para evitar que algum de nós comece a condenar um irmão por qualquer pecado que este vier a cometer, dizendo-lhe que cometeu o pecado que é para morte e que para ele não há mais esperança.

O pecado pode ser de origem involuntária, cometido contra a vontade própria do indivíduo, por circunstância adversa a sua vontade, sem que a sua consciência planeje.

O caso do apóstolo Pedro ao negar que conhecia Jesus é bem típico desse tipo de pecado. (Quero chamar isso de pecado acidental).

Mas também poderá ser de natureza voluntária, quando há plena consciência dele e vontade de cometê-lo. As Escrituras afirmam que “se pecarmos voluntariamente, dentro do conhecimento da verdade, já não resta mais remissão pelo pecado” (Hebreus10.26-27).

Há certos pecados que algumas pessoas crentes cometem já de costas viradas para Deus, já estão desviadas, indiferentes às exigências divinas estabelecidas como regras da vida cristã. A gravidade dessas transgressões, ou a permanência nesse estado rompe com o selo da misericórdia divina levando o transgressor a morte espiritual.
Assim, esta pessoa já perdeu a sua condição de filho de Deus, por vontade própria; não que Deus a tenha rejeitada, mas porque ela própria se afastou dessa condição, por sua vontade.

Em Hebreus podemos ver um retrato bem simples do texto de nosso estudo. (Hb 6. 4-7). Diz: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia”.

Quando a Bíblia afirma: De novo estão crucificando o filho de Deus: Quer dizer que esta pessoa blasfemou e repudiou completa e deliberadamente o Filho de Deus. Por isso se torna impossível a reabilitação desse crente ao corpo de Cristo. Ele não quer mais viver uma vida com Deus.

Não é sem razão que o escritor desta epístola escreveu estas coisas aos Hebreus, pois se tratava de crentes que tinham vindo do judaísmo e haviam crido em nosso Senhor Jesus Cristo, e estavam sendo perseguidos, por causa da sua nova fé em Jesus Cristo, sendo tentados no meio da perseguição, a recuar de forma blasfema do santo nome do senhor.

Então se falando do pecado para morte, fica evidente que não se trata de qualquer pecado, mas daqueles que são praticados deliberadamente e de foram continuada. (Hb. 10:26,27). Portanto o pecado que não se deve orar, ou pecado para morte é o pecado de escárnio, da zombaria, e do desprezo voluntário ao filho de Deus. A estes devemos deixar nas mãos de Deus, pois a bíblia diz que de Deus não se zomba.

 

João Gomes da Silva é escritor e teólogo, pastor presidente da Igreja Evangélica Betesda, de Gurupi. E-mail- revjoaogomes@gmail.com