Nos habituamos a ouvir falar de sustentabilidade, essa passou a ser uma terminologia quase banal, habitando o interior das falas sem gerar efeito e sem se transformar em verbo (ação), mas, como um adjetivo acessório para tornar viável determinados discursos. É um hábito nosso transformar tudo em modismo, sendo sem ser! O conceito de desenvolvimento sustentável é uma definição que surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental, em Estocolmo, na Suécia, em 1972.
Na verdade, um imenso paradoxo se constitui ao se tentar reunir grandezas quase que inconciliáveis, considerando que: partilha-se da construção de um novo paradigma que seja: (1) ambientalmente sustentável na conservação dos recursos naturais, da biodiversidade e do espaço; (2) socialmente sustentável ao promover a justiça e a equidade social; (3) culturalmente sustentável na manutenção e respeito aos sistemas de valores, práticas e símbolos das diferentes identidades culturais; (4) economicamente sustentável na medida em que provêm as necessidades materiais de determinada sociedade e (5) politicamente sustentável ao aprofundar a democracia e garantir o acesso e a participação de todos nas tomadas de decisão.
A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi instituída, há 25 anos, por meio da Lei No 9.795, de 27 de abril de 1999. O objetivo primeiro da lei, diz: I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos. Diante de eventos como os que têm ocorrido, em função das chuvas que se precipitam sobre o território do Rio Grande do Sul, quais dos aspectos anteriormente citados estão sendo negligenciados? A maioria! Senão todos!
A mudança de comportamento deve ser para ontem e não existe maneira de promovê-la, senão por meio da educação: “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (Paulo Freire, 1987). Estamos nos primeiros dias de mais um período eleitoral, em que o legislativo e executivo municipal será mais uma vez escolhido. Renovado?
Essa é uma excelente oportunidade de reavaliar quais são as medidas educativas que estão sendo apontadas pelos candidatos e candidatas, considerando a crise climática e o papel da educação ambiental como uma possibilidade de mudança de comportamento em relação ao meio ambiente. O seu candidato ou candidata fala sobre ecologia?
Juliete Oliveira, é educadora ambiental há mais de 20 anos, agindo em favor da mudança de comportamento em relação à natureza, e na defesa de uma educação cada vez mais ambiental.
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