Mais de 150 famílias do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na madrugada desta quarta-feira, 3, o Projeto Sampaio e a Fazenda Jacira, localizados no município de Sampaio, região do Bico do Papagaio, no Tocantins.
Segundo os trabalhadores, o Projeto de Irrigação Sampaio se localiza em terras públicas do Estado e com mais de R$ 200 milhões investidos sem nunca ter produzido nada, o que para eles evidência um desperdício de dinheiro público. Além, de nunca ter beneficiado um agricultor, segundo acrescentam.
O grupo reivindica que a área seja destinada à Reforma Agrária, podendo assentar as famílias que estão instaladas no Acampamento Carlos Marighella, localizado na TO-404, no trecho de Araguatins a Augustinópolis.
Fazenda Jacira
Parte do grupo ocupou a Fazenda Jacira, localizada também no município de Sampaio, com uma área de 2.801 hectares. Segundo o movimento, o local atualmente é ocupado por posseiros, que residem na área há mais de 17 anos.
Ainda de acordo com eles, três pessoas estariam expulsando os posseiros. Diante desta situação, o MST organizou um grupo de famílias sem terra para garantir a permanência dos posseiros na parte que já moram e que a outra parte seja destinada para reforma agrária. Segundo os trabalhadores sem terra, a área se encontra improdutiva e com documentação irregular.
Os trabalhadores se pautam no Dia Mundial da Luta Contra os Agrotóxicos e são contrários à indicação da senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, ao Ministério da Agricultura.
Para os trabalhadores, Kátia Abreu é símbolo do agronegócio, que tem como lógica a terra para produção de mercadorias. Os trabalhadores vão continuar nas áreas até serem ouvidos e conseguirem uma resposta do Estado.
Nota de Esclarecimento Incra
Em relação à ocupação do Projeto de Irrigação Sampaio por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Incra esclarece que a gestão do projeto é do Estado do Tocantins e que a possibilidade de destinar áreas para os agricultores familiares deve ser discutida com a Secretaria de Agricultura e Pecuária.
O Incra esclarece também que a Fazenda Jacira não consta na relação de imóveis que serão vistoriados para verificar o cumprimento da função social visando possível desapropriação para atender as famílias do acampamento Carlos Marighella. A ocupação do referido imóvel impede a sua vistoria, conforme previsto na Lei 8.629/1993 e Acórdão do Tribunal de Contas da União Nº 3.479/2012, que vedam a desapropriação de áreas ocupadas.
O Incra informa ainda que vistoriará em 2015 dois imóveis rurais, localizados em Araguatins, a fim de atender a demanda das famílias do acampamento.
(Atualizada às 14h40 do dia 04/12)
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