Acusado de intermediar venda de sentença no TJ advogado tem ação sobre Itertins

O advogado João Batista Marques Barcelos e a esposa dele, Nilzete Dantas Pires Barcelos, ambos acusados de receberem titulação de terras de forma ilegal por parte do Itertins tiveram pedido de bloqueio de bens impetrado na Justiça pelo MPE. Barcelos

Os promotores de Justiça, Adriano Neves e João Edson de Souza, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público de Palmas, ajuizaram, na semana passada, uma Ação Civil Pública (ACP) em desfavor de ex-servidores do Instituto de Terra do Tocantins (Intertins). Também estão inclusos na ação, o advogado João Batista Marques Barcelos e a esposa dele, Nilzete Dantas Pires Barcelos, ambos acusados de receberem titulação de terras de forma ilegal por parte do Intertins.

Segundo as informações, Barcelos, que também é acusado de participação em um esquema de venda de sentença no Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ/TO), detectada durante a Operação MAET, da Polícia Federal, teria sido beneficiado pelo ex-presidente da autarquia, Onofre Marques de Melo, e pelo diretor técnico da época, Manoel Coelho do Nascimento, que teriam regularizado uma propriedade com área de 480,857 hectares, localizada na Fazenda Santa Catarina, no município de Campos Lindos. A regularização foi feita, segundo consta na Ação, em nome da esposa de Barcelos, que logo após, teria concedido ao marido, amplos poderes, podendo representá-la.

Ao Portal T1 Notícias, o promotor de Justiça Adriano Neves, informou que, na ação, ele pede liminarmente, além do cancelamento do Ato, o sequestro e o bloqueio dos bens imóveis de todos os acusados, em até duas vezes o valor do dano causado ao erário, incluindo-se os danos morais postulados, estimado preliminarmente em R$ 4 milhões. “Eu peço o cancelamento do Ato e também a quebra do sigilo bancário e fiscal de todos os envolvidos”, informou o promotor.

Parecer técnico


Conforme informou Neves, pelos procedimentos burocráticos, o Itertins seguiu com vistoria na propriedade e elaborou um laudo técnico afirmando que não havia benfeitorias e que no local existia apenas vegetação. De maneira deliberada, Manoel Coelho ignorou o laudo e afirmou haver benfeitorias e encaminhou o procedimento ao presidente do instituto, com manifestação favorável ao deferimento do pedido. Por sua vez, Onofre autorizou a alienação da área ao requerente, sem ao menos determinar a realização de parecer da assessoria jurídica ou determinar novas diligências. A ação destaca ainda a agilidade com que todo o processo foi realizado, em menos de 4 dias.

Segundo informou o MPE, em outro parecer técnico realizado em verificação posterior ao procedimento, foram listadas todas as irregularidades, sendo inclusive recomendado ao atual presidente do Intertins o cancelamento do título outorgado. Entre os vícios apontados, estava o parcelamento da área sem a devida autorização do governador do Estado.

Com isso, o atual gestor do Interntins declarou a nulidade do feito, com a devida publicação no Diário Oficial do Estado (DOE), no dia 22 de junho deste ano. Ao analisarem os autos, os promotores de Justiça, Adriano Neves e João Edson de Souza, consideraram dolo evidente na atuação de todos os denunciados, chegando a denominarem a autarquia como “máquina de grilagem de terras públicas”. “Todos os envolvidos sabiam da impossibilidade de proceder à titulação de maneira legal, mas optaram então pela fraude organizada e deliberada em face do Itertins e, consequentemente, do Patrimônio Público do nosso Estado”, expuseram.

No documento, o promotor de justiça também se refere a outros 60 procedimentos sob análise, que, aparentemente, padecem da mesma ilegalidade.

Servidor explica

O Portal T1 Notícias entrou em contato com Manoel Coelho do Nascimento, que segundo as informações exercia na época, o cargo de Diretor Técnico do Itertins. Nascimento negou que tenha tido participação na fraude e disse que nunca exerceu o cargo. “Eu nunca fui diretor técnico, na época, eu era gerente de núcleo e trabalhava com vistoria e na emissão de documentos, estou até com medo disso”, declarou.

Questionado se ele tinha poder para dar parecer favorável na emissão de documentos, Nascimento informou, que não ia falar sobre o assunto. “Eu vou falar sobre isso, vou arrumar um advogado e ele fala sobre isso, até por que eu nunca fiz isso e não sei nem onde fica essa fazenda”, finalizou.

Tentativa de contato


O Portal T1 Notícias tentou contato com o advogado João Batista Marques Barcelos e com o ex-presidente do Intertins, Onofre Marques de Melo para que eles se pronunciassem sobre o caso, mas não obteve sucesso. Caso os acusados queiram se manifestar sobre o assunto, o espaço continua aberto. 

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