Aos 70 anos, estudante defende TCC autobiográfico sobre trajetória como mulher negra

Trabalho na UFNT foi aprovado e destacado como documento de resistência e contribuição para uma universidade mais inclusiva

Crédito: Divulgação/UFNT

A estudante Maria de Fátima Abade Barbosa, 70 anos, defendeu o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso de Licenciatura em Educação do Campo – Artes da UFNT, com uma pesquisa autobiográfica que resgata sua trajetória como mulher negra camponesa e marca seu retorno aos estudos após décadas longe da escola. A defesa ocorreu no Auditório Babaçu, no último dia 13, e teve orientação da professora Iara Rodrigues da Silva.

 

A banca avaliadora foi composta pelas professoras Lindiane de Santana e Mara Pereira da Silva, que ressaltaram o caráter histórico e formativo do memorial. Em uma das falas, destacaram. “O texto de Maria de Fátima Abade Barbosa […] é um documento de força, de fé e de liberdade. É mais do que um trabalho de conclusão — é um ato de resistência, uma poesia encarnada em prosa, uma travessia escrita com lágrimas, coragem e dignidade”. Para as avaliadoras, o trabalho simboliza a luta coletiva das mulheres negras e camponesas, ecoando ancestralidade e reforçando a potência da Educação do Campo na construção de uma universidade mais inclusiva e humanizada.

 

Um dos destaques do processo de elaboração foi a colaboração do acadêmico Vinicius Maciel, da Ledoc–Artes, que atuou como parceiro ativo na organização e escrita do memorial. Sua participação contribuiu para registrar de maneira sensível a trajetória de Dona Fátima, reforçando o caráter comunitário que marca o curso.

 

A professora Iara Rodrigues, orientadora, também enfatizou a importância histórica da pesquisa. “Orientar este trabalho foi acompanhar uma travessia de coragem, memória e ancestralidade. Dona Fátima nos ensina que aprender é um gesto de resistência e que a universidade se fortalece quando acolhe histórias como a sua. Seu memorial é um documento vivo, uma escrita que cura e inspira."

 

A defesa, aprovada com louvor, emocionou os presentes e reafirmou o compromisso da UFNT com o acolhimento, a valorização de diferentes trajetórias e a construção de caminhos formativos que dialogam com os saberes tradicionais. Dona Maria de Fátima, prestes a se tornar licenciada em Artes, deixa um legado que ecoa dentro e fora da universidade: nunca é tarde para aprender, transformar e reescrever a própria história.

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