Calazar provoca mais uma morte no Tocantins: neste ano 16 já morreram no Estado

Dados divulgados pela Secretaria da Saúde apontam que 16 pessoas morreram de calazar no Tocantins em 2012. A última vítima foi o motorista João Luis Borges Nogueira, de Porto Nacional.

Mais uma pessoa morreu vítima de leishmaniose visceral, calazar, no Tocantins. Desta vez foi o motorista João Luís Borges Nogueira, de 50 anos, morador de Porto Nacional. Ele morreu nesta quinta-feira em Palmas. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) o paciente deu entrada no Hospital Geral Público de Palmas (HGPP) no dia 20 de novembro com um quadro recidivo de calazar.

 

Ainda de acordo com a Sesau, o paciente foi atendido de imediato por um especialista em infectologia e durante todo o período que permaneceu hospitalizado foram realizados todos os procedimentos, exames e tratamentos necessários.

 

A Secretaria da Saúde informou também que devido à evolução da doença, foi solicitada vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e o paciente foi transferido - por solicitação dos familiares - para o Hospital Oswaldo Cruz, no dia 4 de dezembro.

 

Números

João Luiz Borges entra para uma estatística preocupante no Tocantins. Conforme matéria publicada pelo T1 Notícias no dia 27 de novembro – tomando como base dados da Secretaria de Estado da Saúde e do Ministério da Saúde – no Tocantins o calazar, embora com menor número de casos, mata mais do que a dengue.

 

Em 11 anos (2000-2011) foram registrados 216 óbitos provocados por leishmaniose visceral no Estado. Agora, em 2012, 16 pessoas morreram vítimas da doença, de acordo com informações da Secretaria .

 

A cidade com maior número de pessoas doentes e de vítimas é Araguaína. Lá somente este ano foram notificados 112 novos casos da doença. Destes,  três pacientes vieram a óbito. Em todo o Estado, em 2012, a Secretaria da Saúde identificou 283 novos casos de  calazar. A segunda cidade com maior número de notificações é Palmas, com 21 casos em 2012.

 

Em algumas cidades do Estado chama a atenção  a quantidade de cães infectados pela doença. Até o dia 3 de dezembro foram examinados 22.582 cães em todo o Estado. Destes 23%, ou seja, 5.290 animais estavam infectados.

 

Em São Sebastião do Tocantins 48,5% dos cães examinados estavam com a doença. Em Chapada da Areia o índice é de 46,7%. Na Capital constatou-se que 44,2% dos animais examinados apresentavam a doença e em Araguaína 37% dos cães estavam doentes. Na cidade de Pedro Afonso foram examinados dois cães e os dois apresentavam calazar.

 

Doença endêmica

De acordo com o médico do setor de Infectologia da Secretaria de Saúde, Flavio Milagres, a leishmaniose visceral é uma doença endêmica, não apenas no Tocantins, mas em todo o Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil.

 

Para o médico, além de ser uma doença bastante invasiva existem dificuldades no seu tratamento em função das restrições de medicamentos. “Não existem muitas pesquisas a respeito da doença e temos apenas dois medicamentos para o seu tratamento”, argumentou o médico.

 

O médico informou também que outro fator que dificulta o tratamento é o diagnóstico tardio associado à outras doe

nças. “Muitas vezes o paciente descobre a doença depois de três meses e quando ele tem outras doenças o tratamento é mais complicado”, argumentou

.

Flávio Milagres defende também maior atenção das autoridades em relação ao problema. “A leishmaniose visceral mata mais do que a dengue. No entanto a dengue está sempre na mídia e recebe mais atenção”, argumentou.

 

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