Captação de água na bacia do Rio Formoso divide opinião de órgãos públicos

Naturatins pediu revogação de decisão judicial que determina a suspensão da captação e MPE se manifesta contra pedido: “somente em razão do interesse produtivo”, afirma

Imagem feita por satélite da Bacia do Rio Formoso demonstra queda no nível
Descrição: Imagem feita por satélite da Bacia do Rio Formoso demonstra queda no nível Crédito: MPE/Divulgação

Uma Ação Civil Pública (ACP) ajuizada pela 1ª Promotoria de Justiça de Cristalândia é contrária ao pedido judicial do Naturatins de que seja liberada a captação de água, possivelmente até o mês de setembro, para fins de irrigação, da Bacia do Rio Formoso.

 

O uso da água na região por parte dos grandes produtores rurais vem sendo pauta de discussão desde o início do período de estiagem, quando o nível de água dos rios banhados por essa bacia vem diminuindo drasticamente.

 

O MPE relembra que no dia 8 de agosto o Poder Judiciário publicou decisão para que “as captações ocorressem por até sete dias, prorrogáveis por igual período, contados a partir de 1º de agosto”. Foi colocada como condição para esta prorrogação da captação nos rios Formoso e Urubu o cumprimento das recomendações do Plano do Biênio 2018/2019, devendo ser empregados todos os meios de fiscalização necessários para que não haja interrupção da vazão ecológica dos rios.

 

“Observa-se que o Naturatins pediu a revogação fundamentado, exclusivamente, em análise de trechos dos rios da Bacia do Rio Formoso que sofrem influência direta dos barramentos edificados, somente em razão do interesse produtivo da região”, comentou o Promotor de Justiça Luiz Francisco Brandes Júnior.

 

Ainda de acordo com o Promotor de Justiça, até o momento, tanto o Naturatins quanto os produtores foram incapazes de apresentar dados que comprovem a liberação da vazão ecológica ou a vazão outorgável desses implementos.

 

A manifestação do MPE cita, ainda, diagnóstico da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão de proteção ambiental federal, que se posicionou pela suspensão imediata das captações, em razão do irrisório volume de água nos rios.

 

Relembre

 

Segundo vistoria técnica realizada pelo MPE nos dias 30 e 31 de julho, há pontos do rio Formoso em que o curso de água foi reduzido a uma lâmina de profundidade mínima, em razão da baixa no volume de água neste período de estiagem. Nestes pontos, extensos bancos de areia formaram-se no leito dos rios.

 

Após a vistoria e a realização de audiência pública em que não houve consenso entre produtores rurais e órgão de proteção ambiental, o Promotor de Justiça Francisco Brandes Júnior pediu a suspensão imediata das captações, em razão da dramática situação em que se encontra o Rio Formoso nos trechos visitados e catalogados, nos termos do Plano do Biênio e do Parecer nº 002/2018 do Comitê de Bacia do Rio Formoso.

 

O MPE também requereu que seja determinada a quebra do sigilo de dados dos medidores de energia instalados nas bombas de captação de água dos projetos agrícolas, referentes aos anos de 2017 e 2018, até o mês de agosto de 2018.

 

O Promotor de Justiça ainda ressaltou que, em que pese vários produtores rurais já buscarem a readequação do antigo passivo ambiental, inclusive com assinatura de termos de ajustamento de conduta, ainda há um longo passivo ambiental para regularização. Principalmente, no que diz respeito à redução de captação de recursos hídricos e à preservação dos rios da Bacia do Rio Formoso nos períodos de seca no Estado.

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