Captação de água na bacia do Rio Formoso poderá ser suspensa

MPE requer na Justiça suspensão da captação de água na bacia do Rio Formoso para fins de irrigação

Imagem de satélite mostra o quão crítico está a situação da Bacia do Rio Formoso
Descrição: Imagem de satélite mostra o quão crítico está a situação da Bacia do Rio Formoso Crédito: MPE-TO/Divulgação

Após a vistoria realizada na Bacia do Rio Formoso nos últimos dias 30 e 31 de julho, no qual ficou constatado que 99,6% da retirada da água da bacia se dá para irrigação do agronegócio, o Ministério Público Estadual (MPE) requereu à Justiça, através de uma Ação Cautelar, que seja determinada a suspensão imediata das captações de água do local para este fim. A vistoria técnica aponta trechos do rio Formoso em que o curso dos rios foi reduzido a "uma lâmina de água de profundidade mínima", como caracteriza o órgão. Nestes pontos, extensos bancos de areia formaram-se no leito dos rios.

 

A medida requerida pelo MPE tem caráter emergencial, devendo ser adotada até que o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) apresente um relatório que contenha imagens, rotas e níveis dos rios da bacia do Rio Formoso e permita concluir pela manutenção da suspensão ou pelo retorno da captação de água.

 

O pedido do MPE é fundamentado nos princípios da precaução e prevenção do meio ambiente, subsidiado tecnicamente pelo Plano do Biênio 2018/2019, elaborado por um conjunto de instituições públicas que prevê limites e marcos para as suspensões das captações de água no período de ausência de chuvas. Um parecer do Comitê da Bacia do Rio Formoso também fundamenta o pedido.

 

Autor da Ação Cautelar que visa o uso sustentável da bacia do Rio Formoso, o Promotor de Justiça Francisco Brandes Júnior, da Comarca de Cristalândia, também requereu que seja determinada a quebra do sigilo de dados dos medidores de energia instalados nas bombas de captação de água dos projetos agrícolas, referentes aos anos de 2017 e 2018, até o mês de agosto de 2018.

 

O pedido de suspensão das captações da água para irrigação deu-se após audiência pública ocorrida na quarta-feira, 1º, em que não houve consenso quanto ao assunto.

 

Vistoria


A vistoria dos dias 30 e 31 de julho que embasou o pedido do MPE foi realizada em áreas críticas da bacia, detectadas por imagens de satélite captadas em 29 de julho. A intenção da vistoria foi coletar imagens por meio de sobrevoos aéreos e voos de drones, para contrastar com os registros de satélite. 

 

Na inspeção, também foi verificado que os canais de irrigação que margeiam a rodovia próximo às lavouras e os canais que cortam as propriedades rurais encontram-se com água abundante, inclusive assemelhando-se a pequenos rios.

 

Participaram da vistoria integrantes do Ministério Público Estadual (MPE), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Militar Ambiental e Polícia Civil, com a cooperação dos produtores rurais de Lagoa da Confusão.

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