Cavalhadas emocionam os cristãos e movimenta a economia durante os Festejos

os Festejos de Nossa Senhora D’Abadia, em Taguatinga, cidade que fica na região das serras gerais, no sudeste do Estado, tiveram início no dia 6 de agosto com as missas em homenagem à Nossa Senhora.

Crédito: Secom/TO

Com o apoio do Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), os Festejos de Nossa Senhora D’Abadia, em Taguatinga, cidade que fica na região das serras gerais, no sudeste do Estado, tiveram início no dia 6 de agosto com as missas em homenagem à Nossa Senhora.

 

A 465 km da Capital, Taguatinga carrega em sua história muita tradição, cultura e fé. As honras à Nossa Senhora D’Abadia, padroeira da cidade, são marcadas por muita devoção e emoção durante as festividades. A festa atrai turistas de várias regiões e cidades como Brasília, Goiânia, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e a capital Palmas. A cidade também recebe visitantes do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, dentre outros.

 

Tamanha é a tradição que a festa é a mais aguardada pelos moradores durante todo o ano. Os preparativos para os dez dias de festejos ocorrem com antecedência e movimentam toda a cadeia econômica da cidade durante esse período do mês de agosto.

 

Cavalhadas

Além das missas, novenas e procissões, virou marca da programação dos festejos as Cavalhadas, que resgatam a história de luta entre os cristãos e os mouros, povo muçulmano, na idade média.

 

A cerimônia de abertura do evento ocorreu no campo de futebol da cidade, que se transformou no ambiente de guerra dos dois povos, simulando seus territórios, em um cenário rodeado de azul e vermelho, com a decoração que representou os castelos dos cristãos e dos mouros, cada um de um lado da arena.

 

As Cavalhadas simulam a disputa entre os cristãos (trajados de azul) e muçulmanos (trajados de vermelho) para a supremacia de suas religiões. A vitória dos cristãos marca a consolidação do cristianismo naquela época até os dias atuais.

 

No campo, 12 cavaleiros de cada lado, encenam como tudo isso começou relembrando a fé e história de um povo.

 

Encenação 

A trama começa com a descoberta de um espião em terras cristãs, onde o Rei Mouro planeja atacar, vencer e aumentar o seu império. Enquanto isso, o Rei Cristão, firme na sua fé, observa uma de suas súditas cavalgando pelos campos, conduzindo a bandeira da padroeira destas terras. Nesse momento, entram a Rainha Cristã e a Rainha dos Mouros.

 

Logo após, um cavaleiro cristão procura pelo espião mouro em suas terras, e o traidor espião, então, é morto. Com a vitória dos cristãos, os mouros se convertem ao cristianismo e são batizados pelo pároco da Igreja Matriz de Nossa Senhora D’Abadia , o padre Marcos Aurélio Ramalho Silva.

 

“É um momento que marca a vida do povo católico e do cidadão, onde o religioso e o cultural se encontram, que chamamos de tradição. É um encontro com Deus e de uns com os outros”, afirmou o padre.

 

Os cavaleiros se posicionam no campo de batalha (os mouros ajoelhados na frente dos cristãos) para serem batizados pelo padre. Nesse momento, muitos cavaleiros se emocionam e, após o batismo simbólico, se ajoelham em frente à Nossa Senhora, reverenciando e fazendo suas preces.

 

“A gente corre em homenagem à Nossa Senhora e é uma emoção muito grande. Terminamos com a fé renovada e com o coração cheio de esperança para 2024", relatou o cavaleiro cristão, Anderson Alves.

 

Lailton Almeida é cavalheiro mouro e veterano nas Cavalhadas. Ele comentou que sempre sente a mesma emoção. “Eu corro as Cavalhadas há 25 anos e sempre é um prazer e uma emoção participar”.

 

Para os cristãos, esse é um momento cheio de representatividade e, muitas vezes, marcado por lembranças. “Eu fico até emocionada porque lembro do meu marido, que se foi há cinco anos. Hoje, moro em Goiânia, mas sempre venho aqui, para continuar a tradição”, comentou a aposentada Maria Deusa Neiva.

 

“A gente arrepia e sente a emoção porque conheço o significado da batalha e tenho lembrança e saudade de quando eu era cavaleiro”, destacou o ex cavaleiro, Almiron Oliveira.

 

Outro momento bem aguardado pelo público são os jogos que acontecem entre os cavaleiros, como o desafio de lança, tiro à cabeça e corrida das argolinhas. É a hora em que as torcidas cristã e moura torcem pelo seu lado do coração, emplacando uma disputa sadia.

 

 

 Economia

O dia de Nossa Senhora D’Abadia é comemorado em 15 de agosto, ponto alto dos festejos, em que ocorre também a Missa do Vaqueiro. Mas, as festividades iniciam dias antes e toda a cidade se organiza para receber os visitantes.

 

Os cavaleiros se preparam para os jogos, com o treinamento dos cavalos, e abrilhantam a festa com seus trajes muito bem costurados e cavalos adornados.

 

“É uma festa muito bonita. Eu, como tocantinense, me sinto orgulhoso de ver como o Tocantins tem coisas boas e bonitas. E a parceria entre o Governo do Tocantins e a prefeitura de Taguatinga proporciona um evento dessa grandeza e oferecer à Nossa Senhora D’Abadia o destaque que ela merece”, pontuou o Secretário do Turismo do Tocantins, Hercy Filho.

 

Uma grande estrutura é montada na cidade, fomentando o turismo religioso, o empreendedorismo e movimentando a economia do município. Bares, restaurantes e hotéis lotam de turistas, além de oferecer uma imersão cultural para a população local. Além disso, filas de vendedores ambulantes e camelôs lotam a principal avenida da cidade, que é decorada de azul e vermelho.

 

“Turistas de toda região vem para os Festejos. Tudo aqui fica lotado de gente e o comércio superaquecido. As Cavalhadas foram agregadas na programação depois de um tempo, e para nós é símbolo de tradição, cultura e conhecimento”, relatou o prefeito de Taguatinga, Paulo Roberto.

 

A programação contou, ainda, com atrações nacionais durante as noites de festejos na cidade, entre elas os cantores Cléber e Cauan, Tierry, Mano Walter, e a banda Caviar com Rapadura.

 

Quem participou dos Festejos de Nossa Senhora D’Abadia 2023, viu a fé, devoção e tradição de um povo orgulhoso por sua terra.

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