Centro de Direitos Humanos fala em "extrema preocupação" e exige rigor na apuração

CDHC dom Heriberto Hermes diz que as sucessivas cassações de governadores, inelegibilidades de políticos e até mesmo afastamentos de magistrados expõe um ciclo de corrupção

Dinheiro apreendido durante a Operação Fames na quarta, 3
Descrição: Dinheiro apreendido durante a Operação Fames na quarta, 3 Crédito: Divulgação PF

O Centro de Direitos Humanos de Cristalândia (CDHC) divulgou neste sábado, 6, nota pública para manifestar “extrema” preocupação com os fatos revelados pela Operação Fames-19, executada pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira, 3, e exigir rigorosa apuração da Polícia Federal.

 

 

“Exigimos que a Operação Fames-19 apure com rigor todos os envolvidos, respeitando o contraditório e a ampla defesa, mas buscando a responsabilização penal, civil e administrativa exemplar dos culpados”, expõe o documento.  

 

 

A ação da PF resultou no afastamento por seis meses do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), expôs o envolvimento de políticos, agentes públicos e deputados no suposto esquema de desvio de dinheiro na compra de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19, além do uso de emendas parlamentares e recebimento de vantagens indevidas.

 

 

Ao expor a situação na nota pública, o CDHC Dom Heriberto Hermes cita o jurista Rui Barbosa. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

 

 

Na análise do CDHC, a constante vitória da desonra e da injustiça pode abalar a fé na virtude e na honestidade.  “Há anos, o Tocantins presencia sucessivas cassações de governadores, inelegibilidades de políticos e até mesmo afastamentos de magistrados, um ciclo de corrupção que enfraquece as instituições e a confiança pública”, diz o documento ao afirmar que o desvio de recursos destinados ao combate à fome, especialmente durante a pandemia,  trata-se de um crime de lesa-pátria e de desumanidade, uma vez que o dinheiro público, que deveria saciar a fome dos mais pobres, foi supostamente utilizado para benefício pessoal e político.

 

 

Na nota, o CDHC Dom Heriberto Hermes observa que o Centro testemunha situações dramáticas relacionadas à fome. “mães diluindo leite com água para alimentar os filhos, crianças chorando ao ganharem um pacote de bolacha, e até casos extremos como o suicídio de um adolescente cercado pela pobreza, relata ao afirmar que a fome é uma realidade cruel e cotidiana para milhares de tocantinenses.

 

 

O CDHC reconheceu na nota o que denominou como “postura íntegra” de agentes públicos que resistiram a participar do esquema investigado pela Fames-19, como o prefeito Josemar Carlos Casarin, da cidade de Colinas do Tocantins, citado pela Polícia Federal como exemplo de conduta firme e honesta, quanto aos fatos objeto da investigação.

 

 

Assinada pelo coordenador do CDHC, padre Eduardo Lustosa de Alencar, a nota é concluída com o ensinamento de madre Tereza de Calcutá, o qual diz que devemos ser lembrados por tecermos dignidade aos mais necessitados por meio da coerência no testemunho de vida, já que não seremos julgados pelos diplomas ou dinheiro que juntamos, mas sim pelo: “Eu tive fome e você me deu de comer; estava nu e você me vestiu; não tinha casa e você  me abrigou”.     

 

 

Confira aqui a nota na íntegra

 

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