Com sistema em colapso, povos Karajá e Javaé farão Festa do Hetohoky com aval do MPF

Cerca de 6 mil indígenas habitam a Ilha do Bananal, onde acontecerá a festividade, com aval do MPF. Histórico da festa é de aglomeração até nas cidades vizinhas. Procurador federal não vê problema

Crédito: Divulgação/Ascom Seinc

O Hetohoky, rito de passagem que envolve garotos com idade por volta dos de 12 anos e seus familiares, festa tradicional indígena, será realizado este ano na Ilha do Bananal, com o aval do MPF, mesmo em meio ao recrudescimento dos casos de Covid-19, segunda cepa e a lotação do sistema de saúde. A festa acontece entre os dias 18 e 20 de março. Lideranças indígenas buscaram o apoio do governo do Estado ainda no começo de fevereiro, antes do colapso do sistema, para realizar o evento.

 

Falando ao Portal T1 Notícias, o procurador Álvaro Manzano afirma que a festa acontecerá “apenas com a presença da comunidade indígena, a exemplo do que ocorreu em 2020”. A Hetohoky é uma das festividades mais importantes dentre os ritos os realizados pelos povos Karajá e Javaé.

 

A restrição da participação na festa à comunidade indígena já havia sido adotada pelo poder público do Tocantins em 2020, e resultou de acordo entre lideranças indígenas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), informa o procurador.

 

A festa costuma atrair indígenas de outras etnias, familiares da comunidade branca e movimenta todo o entorno, inclusive com show de banda de forró na Ilha. O portal não conseguiu confirmar com nenhuma autoridade se neste ano haverá apresentação, como houve nos anteriores.

 

Procurador não vê problema e diz que 60% da comunidade  vacinou

 

O procurador da República, Álvaro Manzano, do Ministério Público Federal no Tocantins, considera: “O MPF entende que, por serem festas tradicionais da cultura indígena e que são realizadas dentre a comunidade que já está em convívio diário, não teria problema em razão da pandemia”.

 

Quanto ao risco de agravamento das infecções entre Karajás e Javaés, o procurador argumenta que “embora nem todos tenham sido vacinados, já há uma cobertura bem significativa, em torno de 60% da população, o que permite que já haja um grande número de pessoas imunizadas”.

 

Manzano informa que o controle da entrada nas terras indígenas é realizado pela Funai, com intuito de garantir que apenas a comunidade indígena participe das festividades. “Pedimos à Funai para controlar a entrada das pessoas de fora, uma vez que existe uma portaria do ano passado, da Funai, que impede a entrada de pessoas não autorizadas nas terras indígenas enquanto durar a pandemia”, disse.

 

O procurador ressalta que o contato com os habitantes das aldeias fica restrito aos agentes do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), unidade gestora descentralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). “Os profissionais dos DSEIS já foram todos imunizados, eles têm contato permanente por que prestam assistência de saúde aos indígenas”, conclui Manzano.

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