Corpo aguarda 20h por necropsia no IML de Augustinópolis; SSP confirma problemas

Família diz que o corpo de Jefté Silva ficou por 20h em frente ao IML esperando exame cadavérico. Chefe de núcleo confirmou que órgão está sem estruturas para fazer necropsias.

Pai aguardava a liberação de corpo de Jefté
Descrição: Pai aguardava a liberação de corpo de Jefté Crédito: Foto do leitor

A família de um homem que foi assassinado a facadas no último domingo, 08, pela companheira em Araguatins, procurou o Portal T1 Notícias para relatar o descaso que sofreu para conseguir a liberação do corpo de Jefté Silva Primo, de 32 anos, no Instituto Médico Legal (IML) da cidade de Augustinópolis.

 

Segundo os familiares, o corpo de Jefté ficou por cerca de 20 horas em frente ao IML esperando que o médico legista chegasse para fazer o exame cadavérico. Eles afirmaram que o médico não compareceu e a opção que eles receberam foi de que o corpo fosse transportado para o IML de Araguaína. Porém, isso também não foi possível porque o único carro do órgão que faz esse transporte estava estragado.

 

Ao T1 Notícias, o pai de Jefté, o senhor Pedro Primo Neto, contou que além desses problemas, “o freezer que conservaria o corpo já vem sendo corroído pela ferrugem e está desligado há vários dias porque, segundo os servidores do plantão, também apresenta diversos problemas, o que deixou o corpo do meu filho já em início de decomposição”.

 

Falta de estrutura no IML

“Não tem estrutura para fazer o atendimento, tem apenas um carro que está com problemas mecânicos”, confirmaram funcionários do IML de Augustinópolis quando questionados sobre os problemas pelo T1 Notícias.

 

Segundo a chefe de núcleo do órgão, Francisca Maria Mourão, o prédio, que é alugado, não tem salas para fazer exames de necropsia e os corpos, então, são mandados para o IML de Araguaína. “Não fazemos necropsias porquê não temos prédio próprio”, afirmou a chefe de núcleo.

 

Sobre o problema com o único carro que faria transporte do corpo, Francisca Mourão confirmou que o veículo não tem condições de uso. “No momento a nossa viatura encontra-se com os quatro pneus carecas, não dá para viajar, e sem freio, mas já foi passado para a Secretaria de Segurança e eles já estão se mobilizando para arrumar”, disse.

 

“Nós temos um só médico [legista] para atender os 26 municípios. Ele faz as 40 horas dele, que é o serviço dele, então ele vai embora. Os vivos tem que esperar o próximo plantão e os corpos nós somos obrigados a levar para Araguaína”, declarou a chefe de núcleo do IML de Augustinópolis.

 

Quanto à reclamação da família de que o corpo de Jefté Silva Primo ficou por 20h na frente do IML, Francisca Maria explicou: "o que aconteceu foi que teve o homicídio, era mais ou menos 22 horas da noite; o nosso carro, mesmo rodando ruim, mesmo arrastado, foi buscar o corpo de um menino de 17 anos que morreu afogado em Araguatins. Quando o rapaz já estava lá em Araguaína para fazer a necropsia, chegou a notícia desse homicídio. O carro chegou aqui era mais ou menos 4h da manhã e já chegou sem condições de fazer viagem". 

 

Francisca disse, ainda, que o pai da vítima afirmou que iria tentar conseguir a necropsia do filho com um médico conhecido e que, nesse intervalo, ela se comprometeu a ligar no IML de Araguaína para buscarem o corpo em Augustinópolis. "Por volta das 10h ele me avisou que o médico não faria [a necropsia]. Quando eu liguei para Araguaína, tinha acontecido um homicídio e o rabecão tinha saído pra buscar o corpo numa cidade próxima e só poderia vir depois que chegasse. O carro chegou aqui era umas 15h e pouco da tarde", explicou Francisca. 

 

Sensibilizada com a situação, Francisca disse que não tira a razão do pai reclamar. "O importante seria fazer uma estrutura para o povo não sofrer tanto", concluiu.

 

SSP confirma situação precária da unidade

Contata pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou todos os problemas apontados. Por meio de nota, que pode ser conferida na íntegra através do anexo no final da matéria, a SSP disse que há apenas um médico legista lotado no IML de Augustinópolis e que esse número é insuficiente, além de inviabilizar o atendimento no plantão e a realização de serviços como as necropsias.

 

Além disso, a SSP também confirmou que o prédio onde está instalado o IML é inadequado e que a câmara fria não está em funcionamento em decorrência de um defeito. O aparelho está na garantia e o fabricante já foi notificado para resolver o problema.

 

Com relação ao veículo com problemas, a SSP disse que o Estado tem no total 13 rabecões, dos quais nove estavam estragados e inoperantes em novembro do ano passado. Os quatro carros em condições de uso estão operando em Palmas, Gurupi, Araguaína e em Augustinópolis, que segundo a SSP são os centros com necessidade mais frequente.

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