Crise hídrica no Brasil pode afetar tocantinense, que já muda hábito nas compras

Em entrevista ao T1, Maria de Fátima afirmou que percebendo que a crise hídrica pode afetar o bolso do consumidor tocantinense, este já tem mudado a forma de fazer compras nos supermercados.

Presidente da ATOS, Maria de Fátima de Jesus
Descrição: Presidente da ATOS, Maria de Fátima de Jesus Crédito: T1 Notícias

Em entrevista exclusiva ao Portal T1 Notícias, a presidente da Associação de Supermercados do Tocantins (ATOS) e vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRA), Maria de Fátima de Jesus, afirmou que a seca pode afetar bolso dos consumidores tocantinenses.

 

O assunto tem sido a principal discussão da imprensa nacional que mostra que são várias as regiões do Brasil atingidas pela seca. O estado de São Paulo e outros estados do sudeste, centro-oeste e nordeste, os mais atingidos, vem sentido de perto o drama da falta de água. Segundo Maria de Fátima, ainda é cedo para estimar em quanto os tocantinenses serão afetados, mas ressaltou que já está acontecendo perda de lavouras, como na parte de produção de grãos como feijão e milho.

 

Maria de Fátima afirmou que o problema da escassez “com certeza vai afetar os preços dos produtos”. Para ela é possível que chegue a faltar algum produto por causa da queda na produção. “Ainda está cedo, mas eu acredito que realmente nós vamos ter escassez e preços maiores pela falta do produto mesmo”, alertou.

 

Os produtos fruti-grangeiros serão os mais afetados, segundo a presidente. “O reflexo poderá ser vistos nas prateleiras com uma possível falta do produto ou aumento mesmo nos preços do feijão, do milho, por exemplo”.

 

Ciclo de aumentos

A presidente disse que as consequências da falta de água são preocupantes, já que sem chuva suficiente, hidrelétricas serão afetadas interferindo na geração de energia. Outro setor afetado será a produção agrícola, segundo ela.

 

O resultado da crise hídrica que hoje afeta outras regiões, custará alto aos consumidores de todo o país, conforme afirmou a presidente ao dizer que os aumentos dos preços do combustível e da energia afetará a economia das empresas que repassarão a conta aos clientes. “Além de todas essas questões a energia vai subir com a falta de água. Essa energia subindo, eleva o custo das indústrias e consequentemente eleva o custo operacional das empresas e eleva o preço dos produtos em si”, explica Maria de Fátima.

 

Esse ciclo de aumentos acabará refletindo no bolso dos consumidores e no caso de ausência de produtos para abastecer os supermercados, Maria de Fátima afirma que a solução será importar. “Quando há falta de produto, a gente tenta buscar ele no mercado externo para poder fazer um balanceamento de preço”, disse ao exemplificar com produtos da cesta básica: “já chegamos a importar arroz”, afirma.

 

Segundo a presidente da ATOS, a tentativa agora é buscar alternativas para que o preço se mantenha equilibrado afim de não afetar tanto a vida do consumidor. “A gente fala disso com nossos fornecedores. Sempre foi um perfil dos supermercadistas, de se preocupar em oferecer um melhor preço pra o consumidor”, pondera Fátima.

 

Mudança é percebida

O consumo dos tocantinenses nos supermercados não diminuiu, segundo a presidente da ATOS. O que há, segundo ela, é uma mudança na forma de comprar.

 

“As pessoas tem consumido com cautela. A gente tem observado que o consumidor está mais consciente, está preocupado com o preço dos produtos. Está preocupado em comprar aquilo que ele precisa e nada em excesso. Ele está mais preocupado em acompanhar promoções e as compras tem sido feitas semanalmente e não mensal”, ponderou.

 

Produção no Tocantins

A produção agrícola no Tocantins tem crescido a passos curtos, com incentivos do governo. Segundo Maria de Fátima, apesar de alguns produtos locais como o abacaxi, mamão e hortaliças conseguirem atender parte da demanda, o Tocantins não consegue ainda produzir para atender todo o mercado. “Nós temos a expectativa de que possa melhorar a oferta, para que a gente possa comprar mais daqui e consumir mais daqui”, finalizou.

 

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