CRM denuncia precariedade de condições de trabalho no HGPP: "é um Afeganistão"

Em coletiva à imprensa o presidente do CRM comparou o Pronto Socorro do Hospital Geral de Palmas ao Afeganistão e denunciou precariedade de condições de trabalho para os médicos

Coletiva CRM
Descrição: Coletiva CRM Crédito: Lourenço Bonifácio

 

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, 3, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM), Nemésio Tomasella, alertou para a precariedade das condições de trabalho no Hospital Público Geral de Palmas (HGPP).

De acordo com o presidente do CRM, a precariedade vai desde a falta de material e equipamentos à falta de segurança para os profissionais que atuam no hospital, em função da superlotação. De acordo com o CRM, pacientes estão sendo atendidos nos corredores, as enfermarias estão superlotadas. “Isto tudo faz com que o paciente fique mais tempo hospitalizado e correndo riscos de contrair outras doenças em função da superlotação e da falta de medicamentos na quantidade adequada para o tratamento”, argumentou Tomasella.

De acordo com o CRM, por diversas vezes a Defensoria Pública do Tocantins, assim como a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Ministério Público Estadual e o gabinete do governador Siqueira Campos, foram alertados para a gravidade do problema.

Tomasella argumentou que o Conselho Regional de Medicina está orientando os médicos a seguir rigorosamente a literatura médica em todos os procedimentos até como forma de resguardar os profissionais contra problemas que possam vir a acontecer em função da falta de estrutura para atendimento. “Quando um paciente precisar de uma UTI, por exemplo, e ela não estiver disponível, o profissional deverá fazer uma solicitação para transferência do paciente. Assim, se o paciente não for transferido o problema não é do médico e sim da logística do sistema de saúde”, exemplificou Tomasella.

De acordo com o HGPP está com 150% de sua lotação. “Não tem mais vaga e mesmo assim todos os dias chegam pacientes para serem internados”. Ainda de acordo com o presidente do CRM, além da falta de equipamentos – ele citou como exemplo o setor de hemodiálise – alguns medicamentos também não são fornecidos na quantidade suficiente para o bom atendimento.

A superlotação provoca também outros problemas, de acordo com o CRM. Segundo a entidade, crianças, adultos e idosos são atendidos no mesmo ambiente sem resguardar a intimidade de cada um.

Tomasella reconheceu que alguns setores do HGPP são bem equipados e têm profissionais competentes. Mas comparou o pronto socorro do hospital ao “Afeganistão”, país do oriente médio devastado pela guerra e por conflitos internos.

O CRM alerta também para o fato de, em função da falta de medicamentos e equipamentos, os pacientes estarem recebendo um subatendimento. “Um caso onde um paciente poderia ficar uma semana hospitalizado, ele acaba ficando 15 dias”, afirmou o 1º secretário da entidade, Jorge Guardiola.

O presidente do CRM argumentou também que “o profissional médico não pode ser responsabilizado por situação que venham acontecer em função da falta de estrutura  e condições de trabalho”.

Para evitar que os profissionais sejam responsabilizados, principalmente por familiares de pacientes, o CRM orienta para que eles informem a situação aos familiares e os procedimentos que foram solicitados.

 

 

 

 

 

 

 

 

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