Delegados revelam que milhares de reais foram encontrados nas contas de 3 vereadores

A Polícia Civil contou, em coletiva, detalhes de como funcionava o esquema de desvio e lavagem de dinheiro entre os agentes do município

Em coletiva à imprensa, delegados repassam detalhes da operação
Descrição: Em coletiva à imprensa, delegados repassam detalhes da operação Crédito: Divulgação T1 Notícias

Em coletiva à imprensa no final da manhã desta sexta-feira, 3, a Polícia Civil do Tocantins, esclareceu detalhes das três etapas do esquema milionário descoberto pela Operação Jogo Limpo, que teve sua segunda fase deflagrada nas primeiras horas da manhã de hoje. A justiça do Tocantins expediu 26 mandados de prisão, mirando servidores de Palmas, empresários e políticos, dentre eles, três vereadores, o presidente da Câmara, Folha Filho, Major Negreiros e Rogério Freitas, e o ex-vereador Waldson da Agesp.

 

Os delegados Guilherme Rocha Martins, Luciano Barbosa de Souza, Bruno Azevedo e o perito Thiago Magalhães de Brito, explicaram como funcionava a engenharia do esquema, que desviou R$ 7 milhões de contas públicas. De acordo com a Polícia Civil, o dinheiro desviado saía da Fundesportes e da Secretaria de Governo e era direcionado a empresas fantasmas e entidades, que recebiam comissões, através de convênios por protocolos, para que os nomes das respectivas instituições não chamassem a atenção, para a emissão de notas fiscais falsas, e só então ser repassado aos envolvidos, entre servidores, empresários, políticos e militâncias, de modo a ser usado no custeio de campanhas políticas.

 

Dos 26 mandados, 22 já foram cumpridos e os investigados foram encaminhados ao Instituto Médico Legal de Palmas, e logo em seguida à Casa de Prisão Provisória da Capital. Três prisões em flagrante foram realizadas e duas pessoas da lista foram detidas por porte de arma e munição. O marido de uma das investigadas também foi preso por porte de arma. Os vereadores Folha e Major Negreiros ainda não foram localizados pela polícia.

 

De acordo com o delegado Guilherme Rocha, titular da DRACMA, as investigações constataram ainda que, no repasse, o dinheiro lavado era transferido para as contas pessoais dos vereadores envolvidos. Os delegados relataram que na conta bancária de Rogério Freitas foram encontrados R$ 40 mil e na de Folha Filho R$ 10 mil, referentes a dinheiro público. No caso de Major Negreiros, o dinheiro era distribuído por uma rede de influências próprias, envolvendo familiares, assessores e cabos eleitorais. Ainda de acordo com o delegado, dos três parlamentares envolvidos, há comprovações de transferências bancárias advindas de entidades sem fins lucrativos para suas contas bancárias.

 

Os delegados disponibilizaram ainda os nomes das empresas e entidades envolvidas no processo: Cojupa, Instituto Araguaia, Associação Atlética Estrela Real, Associação Titã Cross, Associação de Arbitragem do Tocantins, Associação dos Moradores do Setor Santa Fé e Federação Tocantinense de Karatê.

 

As investigações da Polícia Civil duraram cerca de um ano. Na primeira fase, ocorrida em fevereiro de 2018, já havia sido levantada a suspeita de envolvimento de parlamentares do Legislativo da Capital. De acordo com o delegado Guilherme Rocha, titular da DRACMA, o esquema fraudulento vem ocorrendo desde 2014. Suspeita-se que o dinheiro desviado dos cofres públicos passava por entidades sem fins lucrativos ligadas às práticas esportivas e culturais e eram destinadas a pagamentos de lideranças políticas e membros do Legislativo municipal. “Estimamos que cerca de R$ 7 milhões foram desviados neste esquema que contou, inclusive, com entidade beneficente de assistência a dependentes químicos”, afirmou.

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