Em Barcelona, Marcelo cobra que países ricos recompensem perdas florestais

Durante discurso em Barcelona, Marcelo Miranda, que integra o GCF (Governo, Clima e Floresta - Força tarefa), cobrou nações ricas e empresas poluidoras, recompensa para que ações de proteção continuem

Marcelo defende ações do GCF, em Barcelona
Descrição: Marcelo defende ações do GCF, em Barcelona Crédito: Pedro Barbosa

Em todos os pronunciamentos, um só tom. Uma cobrança conjunta de autoridades de estados e províncias de sete países para que as nações ricas e as grandes empresas, sobretudo as poluidoras, se sensibilizem com os esforços dos estados que compõem o GCF – Governo, Clima e Florestas - a Força-Tarefa dos Governadores e promovam a recompensa necessária para que ações continuem e as comunidades dessas regiões também sejam beneficiadas.

 

Na abertura da Reunião Anual do GCF, nesta quarta-feira, 17, em Barcelona, Espanha, governadores atuaram em bloco. Quando o assunto é preservação do meio ambiente, da vida e do planeta, é chegada a hora de deixar os discursos de lado e partir para a prática. “O GCF precisa fortalecer a sinergia, a união e a prática de políticas e abordagens inovadoras para a mitigação das mudanças climáticas; nosso maior patrimônio é a vanguarda por uma governança florestal racional, justa e soberana”, disse o governador do Tocantins, Marcelo Miranda, um dos quatro governadores brasileiros presentes no evento.

 

Também estiveram no evento, os governadores brasileiros do Pará, Simão Jatene; de Mato Grosso, Pedro Taques; e do Acre, Tião Vianna; além do vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão Júnior. Juntaram-se a eles os governadores de East Kalimantan e Central Kalimantan, na Indonésia, de Cross River, na Nigéria, Ucayali, no Peru, San Martin, no Peru, e o anfitrião do evento, o governador da Catalunha, Josep Maria Pelegri.

 

Durante pronunciamento para os governadores, representantes de 26 estados e províncias, técnicos de diversas instituições ligadas ou interessadas na redução da emissão de gases pelo desmatamento e degradação ambiental, Marcelo Miranda mencionou que “o momento é de trabalho coletivo e consciente dos povos para construir uma agenda de conservação sustentável dos nossos ativos ambientais”.

 

Os governadores brasileiros apresentaram um balanço das ações em cada unidade que revela que o Brasil cumpriu com todas as metas propostas e que por isso precisa receber apoio financeiro compensatório. Outros governadores seguiram a mesma linha. Para Manuel Gambini, de Ucayali, no Peru, as populações das florestas estão exigindo ajuda, porque se cuidam das árvores para o mundo, o mundo precisa ajudá-los a oferecer dias melhores para seu povo e seus filhos.

 

Reconhecimento

A presença de governadores e o discurso afinado já surtiram efeitos imediatos antes mesmo da reunião anual do GCF terminar. Durante seu pronunciamento, a enviada especial para Mudanças do Clima, da Noruega, Hanne Bjurstrom, anunciou que seu país vai liberar, de imediato, US$ 25 milhões para a Força-Tarefa dos Governadores, medida que surpreendeu aos presentes.

 

Caberá ao GCF definir, em conjunto com os estados membros, como esse será aplicado e para que tipo de projetos os recursos serão destinados. A iniciativa gerou entusiasmo porque pode estimular outros organismos a terem o mesmo gesto, o que seria um sinal de materialização do que vem sendo dito desde os primeiros encontros.

 

Surgimento da Força-Tarefa – GCF

A proposta do GCF teve início em 2008. O então governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger organizou a primeira cúpula global do clima dos governadores. Neste evento, foi assinado um Memorando de Intenções (MOU) pelos representantes do Aceh, Amapá, Amazonas, Califórnia, Illinois, Mato Grosso, Papua, Pará e Wisconsin. O documento apresentou as bases para a criação do GCF. A principal proposta é reduzir as emissões de gases por desmatamento e degradação florestal (REDD+), que causam o efeito estufa e provocam alterações climáticas.  Até o evento de Barcelona, já se somam 26 estados e províncias de 7 países: Brasil, Estados Unidos, Peru, Nigéria, Indonésia, México e Espanha.

 

Convenção de Paris

O resultado da reunião do GCF de Barcelona será levado para a COP 21, Conferência das Partes, realizada pela Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Paris, que pretende estabelecer um novo acordo climático mundial. O evento está previsto para o fim de novembro.

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