Em tempo de pandemia, psicólogo avalia sintomas de depressão, medo e ansiedade

“Não estamos de férias, então não podemos nos comportar como se estivéssemos, mas também é necessário tirar um momento de descanso”, recomenda o psicólogo, Piettro Lamonier.

Psicólogo Piettro Lamonier
Descrição: Psicólogo Piettro Lamonier Crédito: divulgação

Minimizar ou menosprezar as doenças mentais decorrentes do isolamento social pode ser um caminho sem volta. Casos de fobia, depressão, síndrome do pânico serão recorrentes nesse momento de quarentena e os tratamentos são demorados e demanda cuidados.

 

Um aspecto considerado importante é tentar ao máximo manter uma rotina de trabalho ou estudo. “Não estamos de férias, então não podemos nos comportar como se estivéssemos, mas também é necessário tirar um momento de descanso”, recomenda o psicólogo, Piettro Lamonier.

 

O psicólogo entende que o fato de se isolar implica em olhar para dentro, e como só havia olhado para fora, o mundo interno pode parecer algo escuro e tenebroso. O medo e a ansiedade, segundo afirma, acabam tomando conta de determinadas pessoas que têm dificuldades em se adaptar à mudança imposta.

 

“O momento exige que as pessoas entrem em contato com a própria alma, com o que há de mais sagrado e profundo no intuito de aprender a viver e não a sobreviver apenas”, sustenta Piettro.

 

Com toda essa busca por segurança e a falta de um corrimão para se segurar o desenvolvimento de um transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, depressão, entre outras fobias, o psicólogo defende que é inevitável o tratamento psiquiátrico.

 

Para os que sofrem com transtorno de ansiedade é importante sempre validar sua emoção. O profissional da psicologia julga importante manter uma rotina semanal de trabalho em casa e dedicação às leituras. Aconselha ele às pessoas não se entupirem de informações, se estas lhe fazem mal. Acha importante os contatos virtuais, com chamadas de vídeo para estreitar os laços e fazer atividades físicas.

 

“Hoje a tecnologia nos possibilita ter acesso a muitas aulas de forma gratuita; organize sua casa, organize sua rotina, faça listas do que fazer diariamente – cuidado com a procrastinação, esse é o momento para iniciarmos tarefas que estavam sendo deixadas de lado, beba em excesso e disponha-se a ajudar quem esteja precisando de suporte, afinal, estamos todos juntos”, ensina o psicólogo.
 

Autoconhecimento

 

Piettro acredita que o processo terapêutico seja o mais adequado para autoconhecimento, paralelo às terapias integrativas. São as ferramentas sociais desenvolvidas para a prevenção e os cuidados quanto à saúde mental que muitas vezes, por ignorância e estigma enraizado, a pessoa deixa de recorrer e que acaba complicando o quadro mental patológico.

 

É indispensável nesse momento a busca pelos âmbitos do mundo interno, redescobrindo-se, reinventando e aprendendo a se adaptar à nossa nova realidade. “O próprio Conselho Federal de Psicologia, que cuida das normas quanto aos atendimentos online em psicoterapia, liberou para que não só os psicólogos que eram cadastrados para este tipo de demanda, mas também para os profissionais que pudessem se dispor a atender online, na tentativa de amenizar um futuro em que a saúde mental social venha a passar por um adoecimento em massa”, explica Piettro..

 

O psicólogo acredita que esse período deve ser aproveitado como uma oportunidade de se autoconhecer, buscar transformar sobrevida em vida. “Temos capacidades internas impressionantes para esse momento que exige o seu desenvolvimento; sejamos resilientes para que possamos investigar a nossa alma,  entendendo que é o único caminho seguro de fato”, sugere.

 

Depressão

 

A depressão e a ansiedade já vêm sendo consideradas como as doenças do século. “Precisamos a princípio entender como isso surge, pois dentro de nossa mente existe uma estrutura que desempenha a função de autopreservação que busca segurança e prazer. Essa estrutura é chamada de ego, que se molda através da análise do ambiente e o medo lhe é natural. Porém, com o advento do capitalismo nota-se uma exacerbação da autopreservação social”, analisa o psicólogo.

 

“A necessidade de acúmulo de bens e dinheiro esconde uma das razões de autopreservação, que é o medo. Alguns acumulam na tentativa de se preservar e outros que não conseguem essa façanha assumem a máscara do oposto ofensivo, partindo para delinquência numa tentativa também de se manter seguro”, explica Piettro.

 

“Como somos moldados a nos preservar, evitando aquilo que machuca e buscando segurança, temos a tendência de focar nas coisas externas e pouco entendemos de nossas habilidades internas”, atesta ele.

 

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