Encontro de jovens negros reúne mais de 100 pessoas e apresenta carta a Wanderlei

Encontro estadual ocorreu nos dias 07 e 08 na Universidade Federal do Tocantins, em Palmas.

Crédito: Divulgação

Realizado nos dias 07 e 08 de outubro, na Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas, o IV Encontro Estadual do Coletivo Enegrecer reuniu mais de 100 jovens de diferentes regiões do estado.

 

O evento teve como objetivo promover formação política, debates e reflexões sobre questões relacionadas à juventude negra, além de fortalecer a identidade e o protagonismo desses jovens. Durante os dois dias de encontro, os participantes puderam participar de palestras, mesas-redondas, oficinas e atividades culturais, abordando temas como racismo estrutural, desigualdades sociais, saúde mental e políticas públicas para a juventude.

 

"O encontro foi uma oportunidade única para fortalecermos nossa identidade e discutirmos questões fundamentais para a comunidade negra.  Existe a necessidade de troca constante entre o povo negro e cobrar das autoridades e toda sociedade meios  para enfrentar os desafios que ainda vivemos como pessoas negras nessa sociedade ", afirmou Diego Panhussatti, um dos organizadores do evento.

 

Com a presença de palestrantes renomados, como ativistas, pesquisadores e representantes de movimentos sociais, que compartilharam suas experiências e conhecimentos com os participantes. "É fundamental promover eventos como esse, que valorizam a juventude negra e incentivam o diálogo e a reflexão sobre as questões que nos afetam. Acreditamos que a organização da sociedade civil e a atuação do poder público são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária", destacou Naiara dos Santos, uma das palestrantes do encontro.

 

Ao final da atividade, foi construída e aprovada uma carta endereçada ao governador Wanderlei Barbosa, solicitando ações afirmativas e de combate ao racismo no Tocantins.

 

Confira na íntegra:

 

O Coletivo Enegrecer que neste IV Encontro Estadual, reúne 80 jovens negros e negras de sete municípios, vem à sociedade e ao governador Wanderlei Barbosa, exigir compromissos institucionais efetivos para promoção da igualdade racial e combate ao racismo, diante de um cenário de crescimento da violência contra a população negra do nosso estado.

 

O crescente número de assassinatos contra jovens negros no Tocantins, a maioria sem respostas e responsabilizações, é algo que precisa ser enfrentado com políticas públicas de redução da vulnerabilidade social e de enfrentamento do racismo institucional. A morte de jovens negros não pode ser banalizada e naturalizada, o poder público precisa assumir a defesa intransigente do respeito às vidas negras.

 

O conflito agrário, as ameaças aos territórios, a violência física e a insegurança alimentar não podem continuar sendo a realidade de vida enfrentada pelas comunidades quilombolas no Tocantins. O governo tem o dever e a responsabilidade de garantir segurança e promover a regularização dos territórios dos nossos povos tradicionais. 

 

A criação da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais representou um avanço para o nosso Estado, mas outras estruturas institucionais capazes de articular direta e transversalmente políticas públicas para a população negra precisam ser construídas com prioridade.

 

A eleição do primeiro tocantinense governador do Tocantins, homem negro de um estado com uma população 74% negra, precisa se consubstanciar na eminente implantação de políticas de cotas raciais nos concursos públicos estaduais. 

 

O Coletivo Enegrecer é um movimento social de jovens negros com 14 anos de atuação nacional, que acredita e luta por uma nova realidade. Nos reunimos no anseio de transformar a sociedade, o que se constrói somente através do enfrentamento das injustiças raciais e sociais e pela promoção da igualdade, condição imprescindível para um futuro mais justo e inclusivo para a juventude negra.

 

 “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”
Angela Davis.

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