Estados firmam Carta do Cerrado e pedem inclusão do bioma na COP30

Tocantins, com 91% de seu território no bioma, apresentou no evento suas iniciativas de REDD+ e a redução de 21,8% no desmatamento

Crédito: Vinicius Santa Rosa/Governo do Tocantins

Representantes dos estados que compõem o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (CBrC) assinaram nesta quinta-feira, 9, a Carta do Cerrado, manifesto que visa defender e promover o bioma em cenários nacional e internacional. O documento foi entregue à representante da Presidência da COP30, Ana Toni, como contribuição do colegiado aos debates que ocorrerão em novembro, em Belém (PA).

 

O evento, intitulado COP Cerrados – Riqueza que brota no centro do Brasil, ocorreu no Auditório do Memorial JK, em Brasília/DF, e contou com a participação de governadores, vice-governadores, secretários estaduais de Meio Ambiente, embaixadores e técnicos especializados na área ambiental.

 

O Tocantins foi representado pelo secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Divaldo Rezende, que esteve no evento em nome do governador em exercício Laurez Moreira. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, representou o governador anfitrião, Ibanez Rocha.

 

Contribuições do Tocantins

Ao falar da contribuição do Tocantins na questão ambiental, o secretário Divaldo Rezende destacou os esforços e as orientações do governador Laurez Moreira na preservação do meio ambiente e na valorização do bioma Cerrado como recurso estratégico para o desenvolvimento do estado. Segundo ele, a COP Cerrados representou uma oportunidade ímpar para o Tocantins mostrar ao Brasil e ao mundo suas oportunidades de negócios e apresentar o trabalho realizado no âmbito do REDD+, incluindo estudos que servirão de referência para medidas que reduzem os gases de efeito estufa por meio da preservação, da sustentação e do manejo adequados dos recursos naturais.

 

“Aqui, apresentamos algumas iniciativas de inovação que o estado implementou no setor ambiental nos últimos anos e que têm continuidade neste governo. Portanto, a contribuição foi positiva. A presença de representantes de diversas embaixadas e organismos internacionais neste evento mostra o olhar internacional sobre a questão do Cerrado”, informou o secretário Divaldo Rezende.

 

Divaldo Rezende afirmou ainda que o Tocantins possui um diagnóstico detalhado sobre os esforços para a proteção dos recursos do Cerrado. O estado possui 277 mil km², compostos em 91% pelo bioma Cerrado e 9% pelo bioma Amazônico, sendo que 60% dessas áreas estão conservadas. Ao todo, são 10,2 milhões de hectares de áreas de floresta apenas no Cerrado, com redução de 21,8% da área desmatada entre janeiro e agosto de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024.

 

No REDD+, ocorreram 59 eventos, sendo 40 com povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares (ainda está prevista uma atividade com o povo Apinajé); cinco reuniões com o setor agroprodutivo; e 14 reuniões com o setor público na área de fortalecimento institucional.

 

O Cerrado na Agenda da COP30

Na carta dirigida à presidência da COP30, os governadores dos seis estados e do Distrito Federal destacam que “o Cerrado ocupa mais de 200 milhões de hectares (23,3% do Brasil) e é a savana mais biodiversa do mundo, abrigando mais de 330 mil espécies (5% do total global). Responsável por 14% da água superficial do país e por armazenar 16% do carbono nacional, o bioma é vital para a segurança hídrica, energética e climática, além de ser o lar de povos originários e comunidades tradicionais e sustentar outros ecossistemas, como a Amazônia, o Pantanal e a Caatinga”, registrou o documento.

 

Com base nesses dados, eles solicitam a inclusão do bioma Cerrado na agenda climática internacional. “É indispensável que o bioma Cerrado, também conhecido como berço das águas e patrimônio natural essencial para o equilíbrio climático, seja reconhecido na COP30 e tenha acesso a recursos específicos para conservação, restauração e prevenção de queimadas”.

 

O grupo também requer “apoio a serviços ecossistêmicos, energia renovável, proteção da biodiversidade, valorização de comunidades tradicionais e fortalecimento científico e tecnológico”; e destaca o compromisso do Consórcio Brasil Central em “buscar caminhos que integrem conservação ambiental, crescimento econômico e inclusão social, a partir de soluções que melhorem a gestão dos recursos naturais, elevem a competitividade do setor agropecuário e ampliem a qualidade de vida, consolidando o Cerrado como referência global em desenvolvimento sustentável”.

 

O secretário-executivo do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central, José Eduardo Pereira, que também assinou a Carta do Cerrado, afirmou: "O movimento dos estados do Centro-Oeste, em defesa do bioma Cerrado, representa uma iniciativa relevante dentro e fora do país", afirmou.

 

Programação

Além da parte institucional, com apresentações e discursos das autoridades governamentais, a COP Cerrado contou com palestras e painéis de debate técnico, reunindo especialistas em governança, políticas públicas, ciência, inovação e práticas sustentáveis, com participação de universidades, centros de pesquisa e representantes do setor produtivo.

Comentários (0)