Família gasta quase todo Seguro DPVAT com pagamento de serviços funerários

Quem necessita de serviços funerários após acidentes automobilísticos está sujeito a situações que podem comprometer todo o valor do Seguro DPVAT.

Parte do seguro foi gasto com serviços
Descrição: Parte do seguro foi gasto com serviços Crédito: web

Um fato ocorrido com a família de dona Romana Pereira da Silva, pessoa conhecida na cidade de Natividade, chama a atenção para um problema enfrentado por famílias que necessitam de serviços funerários no Tocantins e no Pará, principalmente quando são vítimas de acidentes automobilísticos em rodovias.

 

No dia 10 de outubro, um irmão de dona Romana, José Pereira da Silva, perdeu a vida em um acidente automobilístico no PA 279, no Assentamento Boa Esperança, em Água Azul do Norte, no Pará. No carro estavam também outros dois irmãos de dona Romana, Benedito Pereira da Silva e Joaoriel Pereira da Silva, que sofreram ferimentos leves.

 

Além da dor da perda de um ente querido começavam ali outros transtornos para a família. Depois do acidente, a Polícia Rodoviária foi chamada para atender a ocorrência. Constatado óbito foi chamada uma funerária para levar o corpo até o Instituto Médico Legal de Xinguara. Este trabalho deveria ter sido feito pelo próprio Instituto Médico Legal ou por uma ambulância do serviço público de Saúde, como contou a família.

 

Seguro DPVAT

A partir daí, segundo as informações, uma série de fatos terminou na autorização para terceiros encaminharem documentação para recebimento do Seguro DPVAT, um seguro pago para custeio de despesas pessoais em acidentes de automóveis que também indeniza vítimas fatais com valor de R$ 13,5 mil.

 

Segundo o que foi informado, através de um contrato firmado com Lincon Magalhães Machado, corretor de seguros que intermediou o encaminhamento da documentação, a família pagou R$ 2.700,00 para que o contratado encaminhasse a documentação para recebimento do Seguro DPVAT. Assim, a família pagou 20% do valor total do seguro.

 

De acordo com Joaoriel Silva, um dos irmãos da vítima, a orientação para que utilizassem o serviço de encaminhamento do DPVAT partiu dos próprios policiais que atenderam à ocorrência. “Os policiais disseram que aquelas pessoas encaminhariam tudo e que o seguro iria cobrir todas as despesas”, informou ao Portal T1 Notícias.

 

Custos do Funeral

Ainda segundo as informações, para trazer o corpo para sepultamento em Natividade a família acabou tendo de pagar R$ 9 mil com serviços funerários, incluindo urna R$ 2 mil; preparação do corpo  R$ 1,5 mil; roupa R$ 350,00; remoção R$ 300,00 e transporte de Xinguara até Natividade, pelo qual foi pago R$ 4,5 mil.

 

O proprietário da Funerária Santa Marta, de Xinguara, Maruzan Sousa Oliveira, informou ao Portal T1 Notícias que ficou responsável apenas pelo transporte do corpo de Xinguara até Natividade.

 

Ele alegou que o custo dos serviços de transporte – R$ 2,00 por quilômetro rodado - está dentro da tabela. “As estradas aqui são muito ruins e o litro da gasolina chega a custar R$ 3,30”, argumentou.

 

Para a liberação do corpo para o translado, o irmão da vítima, Benedito Henrique da Silva, assinou uma Nota Promissória em branco, que depois foi preenchida no valor de R$ 9.550,00, para ser quitada quando o seguro DPVAT fosse liberado.

 

Ameaças veladas

Ainda conforme o que foi informado, a situação não parou por ai. De acordo com Adriene Rodrigues, amiga da família que acompanhou todo o processo, uma das herdeiras de José Pereira da Silva teve a assinatura falsificada em um documento no qual aparecia abrindo mão de sua parte.

 

“Outra estratégia utilizada são intimidações veladas.  O dono da Funerária Santa Marta, Maruzan  de Sousa Oliveira, teria citado diversas vezes que seu pai é delegado de Polícia em Palmas”, informou Adriene ao Portal T1 Notícias.

 

Segundo ela, diante de toda a situação as filhas da vítima e suas únicas herdeiras decidiram contratar os serviços de um atravessador para dar entrada no Seguro DPVAT pagando honorários de 20%, por medo de sofrerem algum tipo de represália.  

 

Assim, descontadas as despesas de funerais, mais a comissão paga para Lincon Magalhães Machado encaminhar a documentação, a família vai receber apena R$ 1.8 mil dos R$ 13,5 mil do seguro DPVAT.

 

O T1 Notícias tentou localizar Lincon Magalhães, mas não obteve sucesso, caso ele queira se manifestar o espaço continua aberto.

 

Empresas oferecem planos

Uma pesquisa feita pelo Portal T1 Notícias junto a empresas que prestam serviços funerários no Tocantins mostrou que elas oferecem planos assistenciais a partir de R$ 14,00 por mês, com cobertura para toda a família.

 

Os planos cobrem transporte, urna funerária, roupa, preparo do corpo, flores e lanche. De acordo com Rosivaldo Moreira dos Santos, gerente de uma empresa de serviços funerários da Capital, quando há necessidade de fazer transporte numa distância superior a 100 quilômetros, a família paga em torno de R$ 1,2 o quilômetro rodado.

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