Mais de 200 famílias do Acampamento Carlos Marighella bloquearam nesta segunda-feira, 8, a rodovia estadual TO-404, que conecta Araguatins a Augustinópolis. O protesto, que já se estende por mais de uma década, busca pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a cumprir o acordo de vistoria e assentamento em áreas prometidas. De acordo com representantes do movimento, as famlías permanecem com a rodovia estadual ocupada.
Conforme os organizadores, embora pacífica, a manifestação foi reprimida pela Polícia Militar do Tocantins. "Policiais, sem identificação, usaram spray de pimenta diretamente contra os manifestantes, incluindo crianças", afirmam os representantes do Acampamento Carlos Marighella. Afirma que veem a violência da PMTO como um reflexo do descaso com a luta das famílias que vivem em condições precárias desde 2013.
Fazendas em disputa e a complexidade legal
A reivindicação dos manifestantes se concentra em duas propriedades rurais que já foram prometidas em negociação pelo Incra. Uma delas é a Fazenda Água Amarela, com uma área inicial de 951,7860 hectares, cujo título de propriedade já foi cancelado. A outra, a Fazenda Sant Hilário, localizada em Araguatins, já possui uma decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Civil Ordinária - 847, que valida o processo de desapropriação para reforma agrária.
Apesar da clareza legal, as famílias denunciam o adiamento contínuo das vistorias, além de um aumento preocupante da violência no local, com carros passando e atirando contra o acampamento e barracos sendo incendiados.
Reivindicações e perspectivas
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que atua na organização do protesto, exige a presença da diretora de Obtenção de Terras do Incra Nacional, da Câmara de Conciliação Agrária e da Ouvidoria Nacional do Incra.
A ocupação da rodovia só será encerrada após o Incra se comprometer formalmente com um cronograma para a vistoria e com a realização de uma reunião para discutir o assentamento. A falta de um posicionamento oficial do Incra mantém o impasse e o clima de incerteza na região.
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