Fazenda do ex-presidente da OAB é ocupada pelo MST: reintegração será pedida

Cerca de 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam na madrugada deste sábado, 22, a Fazenda Vargem Bonita, localizada na gleba Serra de Taquaruçu,


Cerca de 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam na madrugada deste sábado, 22, a Fazenda Vargem Bonita, localizada na gleba Serra de Taquaruçu, a 60 quilômetros de Palmas. A fazenda possui 1,5 mil hectares e pertence ao advogado Luciano Ayres, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional Tocantins. Simultaneamente, foi realizada a ocupação da área próxima à Agrotins. Nesta, 60 famílias do Movimento fazem parte da ocupação.

De acordo com o MST, a fazenda Vargem Bonita é, na verdade, uma área de terras públicas que teriam sido griladas por Luciano Ayres, que se intitula como proprietário desde a década de 1980.

Segundo o movimento, Ayres possui o título de apenas 250 dos 1,5 mil hectares da fazenda. Além disso, denuncia que a titulação dos 250 hectares se deu de forma irregular pelo Instituto de Terras do Tocantins (Itertins). “É ilegal o Itertins conceder título de terras públicas da União”, informou a Assessoria de Comunicação do MST.

Ainda segundo o MST, uma das principais atividades desenvolvidas na fazenda ocupada é a plantação de eucalipto – responsável por impactos ambientais relacionados ao empobrecimento e erosão do solo, lençóis freáticos e à biodiversidade; e pastagens sem gados.  Nela, também foi constatada a prática de crimes ambientais referentes à exploração e comercialização ilegal de madeiras.

“A fazenda não cumpre a sua função social e está sendo destinada para especulação, prática de crimes ambientais e para respaldar hipotecas em instituições financeiras”, argumenta o movimento.

O MST também denuncia que o proprietário da fazenda estaria vendendo terras, também de forma irregular, para outros grupos, entre eles para o Atacado Meio a Meio [supermercado da Capital].

“Esse é o retrato das terras públicas no entorno de Palmas. Ao invés de cumprir sua função pública, são usadas para atender aos interesses de grandes fazendeiros”, defende o MST.

Um dos principais temores do MST é que o governo do Tocantins promova - por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Regularização Fundiária, comandada pelo ruralista Irajá Abreu (PSD) - a regularização dessas e de outras áreas públicas adquiridas por fazendeiros de forma irregular.

De acordo com o MST escolha da área levou em conta o fato de se tratar de uma área pública e em função da paralisia da promoção da reforma agrária e do fato de o poder público não priorizar a criação de assentamentos; também é alvo do movimento a falta de atenção às famílias que hoje estão em acampamentos.
 

Proprietário contesta

 

O proprietário da Fazenda, Luciano Ayres, informou ao Portal T1 Notícias que tomou conhecimento da invasão da fazenda. “Ouvi dizer e mandei meu filho e meu cunhado para la para me fazer um relatório”, afirmou Ayres.

Ele contesta as alegações do MST segundo a qual a área é publica e teria sido grilada. “É tudo conversa fiada. Vou pedir reintegração de posse imediatamente assim que tiver o relatório”, afirmou o proprietário.

Luciano Ayres informou também que não foi até o local porque está em recuperaçãod e saúde.

 
 Área próxima à Agrotins

De acordo com o MST, as informações preliminares são de que a área ocupada nas proximidades da Agrotins trata-se de uma área que pertence ao Estado e não está cumprindo sua função social. Nessa área, o movimento pretende desenvolver atividades produtivas baseadas na experiência da agricultura agroecológica criando assim, com ajuda dos órgãos públicos, a experiência do cinturão verde de Palmas com produção de alimentos saudáveis e sustentáveis.

Acampamento Sebastião Bezerra

Atualmente, há no entorno de Palmas um acampamento de trabalhadores rurais sem terra – o Acampamento Sebastião Bezerra. Este resultou da ocupação da  Fazenda Dom Augusto, localizada no quilômetro 25 entre Porto Nacional e Palmas, dia 21 de abril de 2011.

Na época, a ocupação foi realizada  em protesto contra as irregularidades do latifúndio.  O proprietário desta área, Alcides Rebeschini, também não detém toda a documentação da área de 3 mil hectares.  A fazenda também está na lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego por ter sido flagrada com a prática de trabalho escravo, 100 trabalhadores foram resgatados em 2005.

 

Com informaçõs da Ascom MST

 

Comentários (0)