Governo é contrário a transposição do Rio Tocantins; autor do projeto recebe negativa

Projeto de Transposição do Rio Tocantins é discutido entre autoridades, no Palácio do Araguaia; deputado autor da proposta recebe negativa de apoio da maioria presente em evento.

Cerca de 200 pessoas estavam assistindo ao debate
Descrição: Cerca de 200 pessoas estavam assistindo ao debate Crédito: Divulgação SEMARH; Zenilda Drummond

A roda de conversa sobre a transposição do Rio Tocantins nesta segunda-feira, 26, em evento no Palácio Araguaia foi acalorada. Representantes da antiga Conorte, movimento que lutou para a separação e independência do Estado do Tocantins, manifestaram posicionamento contrário à transposição do Rio na presença do autor da proposta, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE), que defende o ato. A vice-governadora, Cláudia Lélis e a deputada Josi Nunes também se posicionaram contra a ideia.

 

As representantes do Estado pediram espaço para se manifestar, mesmo não previstas no debate, e defenderam que é necessário inicialmente um estudo mais a fundo do projeto e também um diálogo com a respectiva população que seria afetada, para uma decisão. "Mas que até o dado momento, o Estado se posiciona contra a transposição", confirmou a vice-governadora.

 

O ex-presidente do Cenog-Conorte, Goianyr Barbosa, declarou que “de imediato, o movimento é contra por dois motivos: são perceptíveis os sinais de falência que o nosso rio vem apontando, além do projeto original ter diversas falhas, foram gastas somas bilionárias de dinheiro em um projeto que deteriorado pela corrupção, foi ainda embargado pela Justiça Federal. Se a inciativa do Rio São Francisco que teve sua administração de perto não vigorou, não existe possibilidade de que a distância, um projeto tão complexo que envolve até transposição de serra, seja bem sucedido”, argumentou.

 

O ex-presidente  também defendeu que é um absurdo que o projeto tenha passado pela Câmara dos Deputados e que corra riscos reais de ser aprovado pelo Senado. Para ele, a soberania do Estado será gravemente abalada com a possível aprovação do projeto.

 

Gonzaga Patriota diz que não haveria prejuízo

 

O deputado Gonzaga Patriota, convidado a debater o assunto em Palmas, falou sobre as benfeitorias que a obra poderia agregar ao Tocantins e ressaltou que a transposição traria além de grandes investimentos, empregos e uma maior concentração de população na região. “Não há nenhum tipo de prejuízo, os seis meses de água que pegaremos emprestados para encher o lago artificial de Sobradinho, terminam quando o período da seca começar. A água que caíra na garganta gerará energia para as cinco elevatórias e para a toda região próxima da garganta. O projeto atrairá bilhões em investimentos, proporcionará empregos, além de energia para todo esse povo”.

 

O deputado foi vaiado por um grupo no auditório, logo após sua fala.

 

Ministério da Integração Nacional ainda avalia

 

Rafael Ribeiro, que representa o Ministério da Integração retratou que o órgão não se posicionou ainda a respeito do projeto de lei, mas que está fazendo um estudo aprofundado primeiro, antes de tomar qualquer posição.

 

Contrários a transposição são maioria

 

O pesquisador João Suassuna, afirmou que “não se pode cometer um erro, tendo já cometido outro tão semelhante”, ao expor no debate, um apanhado dos aspectos comprometedores da transposição ocorrida no nordeste.

 

Doutor em planejamento de recursos hídricos, Fernan Vergara, também pesquisador da Universidade Federal do Tocantins (UFT), alega que Rio Tocantins pode morrer ao ter que enfrentar as mesmas dificuldades que o Rio São Francisco passa hoje.

 

O evento encerrou-se as 18h30 com claro posicionamento contrário dos tocantinenses à proposta do parlamentar. 

Comentários (0)