Governo Federal anuncia trégua de 15 dias, mas fim da greve de caminhoneiros é dúvida

Vários grupos de WhatsApp criado para trocas de mensagem entre caminhoneiros em todo o país mudaram as fotos na noite desta quinta-feira para uma em que diz "a greve continua"

Greve entra no 5º dia nesta sexta-feira
Descrição: Greve entra no 5º dia nesta sexta-feira Crédito: Divulgação/PRF

No final da noite de ontem, 24, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Eduardo Guardia (Fazenda), Carlos Marun (Secretaria de Governo) e Valter Casemiro (Transportes) anunciaram ter chegado a um acordo com representantes dos caminhoneiros para suspender, pelos próximos 15 dias, as manifestações e as greves da categoria. O acordo foi assinado por algumas entidades representativas, incluindo a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). Outros grupos, como a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) e a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) rejeitaram a proposta.

 

A partir desta sexta-feira, 25, os organizadores dos movimentos em cada Estado deverão se pronunciar sobre a manutenção ou não das manifestações. No Tocantins, o Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Tocantins está à frente dos protestos nas rodovias federais que cortam o Estado e deve emitir posicionamento sobre o caso. O presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, disse ontem, após a reunião com o governo federal, que levará o resultado da negociação com o governo para a categoria e espera que a greve dos caminhoneiros comece a ser desmobilizada nesta sexta. “Não é possível dimensionar o tempo que vai levar, principalmente pela questão da segurança”, afirmou Bueno.

 

Vários grupos de WhatsApp criado para trocas de mensagem entre caminhoneiros em todo o país mudaram as fotos na noite desta quinta-feira para uma em que diz "a greve continua", após o anúncio do acordo do governo com oito entidades da categoria. Os motoristas autônomos disseram que não deixarão as rodovias, informando que “os supostos sindicatos que estão negociando não representam os caminhoneiros que estão na rua”. A informação é de que os caminhoneiros pretendem manter a paralisação porque o acordo não atinge suas principais reivindicações.

 

Fruto de sete horas de reuniões no Palácio do Planalto, o acordo para a trégua inclui a promessa do governo de atender 12 reivindicações, mas deixa de fora a principal demanda dos trabalhadores: a isenção do PIS / Cofins sobre o óleo diesel. Por este motivo, não é possível saber se o acordo negociado pelo governo será efetivo. Esta sexta-feira pode representar o quinto dia de greve dos caminhoneiros. Além do desabastecimento de gasolina e alguns alimentos perecíveis, o movimento também resultou numa onda de notícias falsas e alarmistas nas redes sociais.

 

No Tocantins, a falta de combustíveis já desabasteceu os mercados de Palmas, onde apenas 4 postos ainda possuíam estoque até o final da tarde desta quinta, atraindo grandes filas; além das cidades de Paraíso do Tocantins, Porto Nacional, Guaraí, Gurupi, Miracema e várias outras no interior.

 

Propostas do governo federal

 

As principais promessas do governo para os caminhoneiros são zerar a alíquota de um dos impostos cobrados sobre o óleo diesel, a Cide; manter a redução no preço do diesel anunciada pela Petrobras nos próximos 30 dias (a companhia petroleira já tinha prometido 15 dias de redução); assegurar que os preços do óleo só sejam reajustados de 30 em 30 dias; e reeditar periodicamente uma tabela de referência (sem força de lei) para os preços dos fretes. Esta última medida custará ao governo R$ 4,9 bilhões até o fim de 2018 - a Petrobras será compensada pelas perdas.

 

Mas nem todos os líderes dos caminhoneiros ficaram satisfeitos: o presidente da Abcam, José Lopes da Fonseca, deixou a reunião no meio da tarde, dizendo que só pararia a greve depois de obter a isenção de PIS e Cofins sobre o diesel: o tributo representa 12% do preço do combustível, enquanto a Cide (cuja isenção foi oferecida pelo governo) responde por 1%. "Eu não vou assinar (o acordo) com a categoria toda parada. O que eles querem é desmobilizar a greve. A greve não é dos caminhoneiros, é da sociedade toda. Muitas outras categorias aderiram. O que temos até agora são só promessas. Então, não assinei e não me arrependo. Acho que fiz certo", disse à BBC Brasil o presidente da Unicam, José Araújo da Silva, o China.

 

Além da isenção de PIS e Cofins, os caminhoneiros que são contra o acordo também querem esperar até terça-feira, quando o Senado pode votar um projeto de lei que cria um valor mínimo para o frete (diferente da tabela de referência oferecida pelo governo).

 

(Com informações da Folha de São Paulo)

 

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