As mudanças no cenário político e econômico após a eleição do novo presidente da República foram discutidas com empresários do Tocantins durante o 4º Encontro Estadual da Indústria realizado na noite desta quinta-feira, 22, em Palmas. O evento é realizado anualmente pelo Sistema FIETO para enxergar e analisar as perspectivas para o futuro do segmento, como explicou o presidente Roberto Pires. Em seu pronunciamento de abertura, Pires destacou a necessidade urgente do segmento de superar o momento de crise.
“O País passou por uma retração de quase 8% que contrasta com um crescimento de quase 14% por países como China e Índia. A exemplo do restante do país, a indústria local também continua sofrendo os efeitos da crise e nosso estado só voltou a crescer em função do agronegócio, mesmo com uma dependência na nossa economia de cerca de 30% do poder público. Embora o PIB já esteja novamente positivo, uma grande parcela do setor produtivo não se reergueu e aguarda ansiosamente pela política econômica do novo governo”, analisou o presidente.
Ele ressaltou ainda a importância da agenda que precisa ser encarada pela próxima gestão a exemplo das reformas política, tributária e da previdência consideradas vitais para a retomada do país. Na oportunidade, também foi feita a entrega dos três estudos restantes das Cadeias Produtivas de Lácteos, Avicultura e Suinocultura do Tocantins ao governador do Estado, Mauro Carlesse.
O chefe do Executivo Estadual reforçou a necessidade de redução de despesas e de enquadramento do Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal para viabilizar a atração de investimentos. “O Tocantins é viável e nós podemos ajudar, o que precisamos é estar unidos firmemente para nosso desenvolvimento, só existe uma saída para nosso estado: industrializar. Nosso povo tem condições, os empresários também e o Estado tem muito a oferecer”, disse Carlesse.
Nesta 4ª edição do Encontro, o jornalista William Waack foi o convidado para realizar a palestra “Economia e Política no Brasil com um Novo Governo”. A crise fiscal em que o País se encontra foi o ponto central da análise do jornalista que acredita ter sido uma situação construída ao longo de 30 anos. “De cada 1 real que sai do cofre público, 75 centavos vão para previdência, programas assistenciais, custeio do funcionalismo público e despesas com a máquina, é uma grande folha de pagamento da qual 2/3 da população é dependente, de uma forma ou de outra”, avaliou sobre a situação da União.
Ao falar dos estados, o jornalista quantifica que das 27 unidades 16 quebraram e alguns estão gastando 90% da receita corrente líquida com pagamento de funcionário público. “Esse é o tamanho da crise fiscal e imaginar que ela possa ser resolvida por uma só pessoa e uma só instância, de forma rápida, é uma completa ingenuidade”, complementou.
Mesmo diante deste quadro, Waack vê o resultado da eleição presidencial como uma oportunidade se abrindo que deu uma mostra do que acredita ser a única saída: a participação popular na política. “Não existe resposta que não venha da política. Só pela política se sai de uma situação dessa, a partir do engajamento, da participação, da cobrança dos políticos. É esta a única saída e parece que a gente está encontrando”, disse.
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