Líder histórica de quilombo em Muricilândia, Dona Juscelina morre aos 91 anos

Ela chegou em Muricilândia em 1962 e era uma referência de liderança na região norte do Tocantins

Crédito: Arquivo do Quilombo Dona Juscelina

Faleceu neste sábado, 3, em Araguaína, a líder histórica de Muricilândia de 91 anos, Lucelina Gomes dos Santos, conhecida como Dona Juscelina, do qual seu nome é atribuído ao quilombo que defendia e que ficou nacionalmente conhecido. 

 

Ela foi uma referência de liderança do povo negro na região norte do Tocantins, reconhecida por todos os gestores que passaram pelo Governo do Estado.

 

Dona Juscelina

 

Dona Juscelina era símbolo de resistência do povo quilombola de Muricilândia, onde chegou ainda 1962, no território que ainda pertencia ao estado de Goiás. O município foi criado em 1992.

 

Lucelina também foi parteira por 25 anos, auxiliando no nascimento de 583 crianças, conforme entrevista concedida ao Estado de São Paulo (Estadão). 

 

Em razão da sua trajetória histórica de luta, recebeu no início deste ano da UFT o título de Doutora Honoris Causa

 

Título de doutora

 

O Conselho Superior da Universidade Federal do Tocantins (UFT) aprovou a concessão do título de Doutora Honoris Causa a Dona Juscelina em fevereiro deste ano. O título é atribuído a personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições.

 

13 de maio

 

A líder do Quilombo Dona Juscelina ainda era responsável pela festividade em alusão ao fim da escravidão negra no Brasil e que já se tornou tradição no Tocantins, o 13 de maio.Tendo à frente Dona Juscelina, que presidia a associação que dá nome à comunidade, a festa é realizada todos os anos com o objetivo de preservar e fortalecer a memória e a cultura quilombola, com apresentações de manifestações culturais herdadas de seus ancestrais.

 

Notas de Pesar 

 

Deputada Federal Dulce Miranda e ex-governador Marcelo Miranda: Meu coração está dilacerado com essa notícia, e estou sem acreditar na passagem dessa mulher que tanto me ensinou, e que muito lutou pela sua gente, sua cultura, suas raízes. Tínhamos uma relação estreita, de mãe e filha, e assim como as 583 crianças que ela trouxe ao mundo, na condição de parteira por 25 anos, estou me sentindo órfã, e já pesarosa com a partida dela.  A dona Juscelina merece todo o respeito do povo tocantinense pelo legado que deixou, pois foi uma defensora dos direitos humanos em todos os sentidos. Recentemente recebeu o título de Doutora Honoris Causa, pela Universidade Federal do Tocantins, e, mês de maio deste ano, a indiquei ao prêmio Zilda Arns, uma honraria da Câmara Federal que reconhece o trabalho de pessoas como a dona Juscelina. A votação será no dia 18 de agosto deste ano e, eu já estava em plena campanha por este reconhecimento nacional, mas infelizmente Deus a chamou.Rogo ao Pai o acolhimento do espírito dela, e, em nome dos netos de coração, João Filho, Manoel filho e  Ludmila, deixo o meu carinho, orações e pensamentos positivos aos demais irmãos do Quilombola Dona Juscelina e aos moradores de Muricilândia. Me despeço com muita dor no coração, dessa mãe, amiga, mulher fervorosa e neta de escravo que defendeu com muita maestria sua gente e seus ancestrais.

 

Deputado Federal Célio Moura: Com muito pesar comunico o falecimento de nossa Dona Juscelina, importante liderança quilombola, lutadora, defensora da igualdade de direitos,  justiça e liberdade. Grande Matriarca dos quilombolas de Muricilândia, inspiração e exemplo de resistência e fraternidade na luta! Meus profundos sentimentos aos familiares, amigos e admiradores. Muita força! Dona Juscelina virou estrela e seguirá brilhando em nossas mentes e corações. Descanse em paz, Dona Juscelina.

 

 

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