A professora Maria Santana Ferreira dos Santos Milhomem pode se tornar a primeira mulher preta a assumir a reitoria da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Candidata ao cargo máximo da instituição pela chapa “Acolhimento e União”, sua possível eleição marca um feito inédito na história da universidade. E não será apenas um cargo conquistado — será a concretização de uma trajetória que representa a força da esperança, o resultado da educação pública e o reconhecimento das vozes que, por muito tempo, foram silenciadas.
Santana é filha da zona rural de Dianópolis, onde começou a vida entre plantações e responsabilidades precoces. Ainda criança aprendeu a dividir o tempo entre cuidar dos irmãos, ajudar nos afazeres da roça e ensinar os colegas na escola da comunidade. Seu percurso acadêmico e profissional é uma travessia de superação. Da dificuldade em pagar as mensalidades da graduação, ao mestrado com bolsa em pesquisa sobre a realidade das mulheres indígenas Xerente, até sua chegada à Universidade Federal do Tocantins como professora concursada. Hoje, ela atua como docente, gestora, articuladora de políticas públicas e protagonista de ações que aproximam a universidade da população mais vulnerável.
Se eleita, Maria Santana defende que simbolizará muito mais do que uma conquista pessoal. Para ela, sua presença na reitoria será uma ruptura com a lógica histórica de exclusões institucionais. Será a resposta visível aos estudantes negros, quilombolas, indígenas, mães solos, filhos da periferia, jovens que ingressam na universidade com o sonho de mudar suas vidas e de suas famílias.
Dados apontam que no Tocantins, mais de 80% dos estudantes da UFT vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Nesse contexto, a possível eleição de uma mulher negra para o cargo máximo da universidade pública representa um marco de representatividade. A candidatura de Maria Santana projeta um novo ciclo de gestão voltado à inclusão, ao fortalecimento do papel social da universidade e à conexão com os desafios do estado. "Existe uma universidade para além da sala de aula", diz Santana.
Eleições
Segundo a UFT, as chapas inscritas têm até o dia 27 de maio para apresentar e divulgar suas propostas à comunidade universitária, conforme as regras estabelecidas no edital do processo de escolha. A votação será realizada no dia 28 de maio, por meio da plataforma Voto On-line, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que assegura confidencialidade, segurança criptografada e possibilidade de auditoria do pleito. O acesso ao sistema será feito por meio do login na conta Gov.br.
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