Médicos realizam segunda captação de órgãos no HGP; doador faleceu após acidente

Quando um paciente evolui para o quadro clínico de morte cefálica, a Comissão Intra-hospitalar para a Doação de Órgãos e Tecidos para transplantes do HGP, entra em contato com a família

Paciente de 48 anos sofreu morte encefálica após acidente
Descrição: Paciente de 48 anos sofreu morte encefálica após acidente Crédito: Washington Luiz

A camareira Zeneide Barbosa autorizou a doação de todos os órgãos possíveis de seu marido, de 48 anos, que faleceu em decorrência de um Trauma Crânio Encefálico (TCE), após acidente automobilístico. A captação dos órgãos aconteceu na tarde de ontem, 12, no Hospital Geral de Palmas (HGP), resultado da parceria entre a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos do Tocantins (CETTO) e a Central Nacional de Transplantes.

 

“Saber que evitamos o sofrimento de várias famílias, que poderão agora sorrir com mais um tempo ao lado de seus entes queridos, nos ajuda a aliviar a dor que estamos sentindo”, afirmou Zeneide.

 

A gerente da CETTO, Suziane Crateús, destacou que os órgãos doados no Tocantins beneficiam pacientes da fila do Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o país. “Através dessa parceria, a equipe médica da Central Nacional, acionada pela Central Estadual vieram e retiram os órgãos que foram destinados a pacientes do cadastro nacional de transplantes”, informou.

 

Para a médica e responsável técnica pela CETTO, Donilda Moreira Rodrigues, “neste momento estamos colhendo resultados de uma longa trajetória, com várias áreas e profissionais envolvidos e principalmente com a atuação ímpar da família, que autoriza a doação. As famílias nunca falam sobre morte e por isso, quando alguém morre, as pessoas acabam não autorizando a doação, por não saber se isso era a vontade de quem partiu”, explicou.

 

A não expressão da vontade não foi obstáculo para Zeneide Barbosa. “Nunca falamos sobre morte, jamais imaginaríamos que meu marido fosse partir com 48 anos, mas como ele era uma pessoa que sempre se doava ao próximo, conversei com nossos três filhos e resolvemos doar o máximo de órgãos possível e tenho certeza que esta seria a vontade dele, continuar servindo a quem precisasse”, destacou.

 

Graças à sensibilidade de Zeneide, outros pacientes serão agora beneficiados com fígado, rins, válvulas cardíacas e córneas, captadas com sucesso. “Saber que estes órgãos que não teriam, mas utilidade para meu marido irão ajudar outras pessoas a continuarem vivendo, nos dá um sentimento de leveza e paz espiritual imensurável”, destacou a camareira, acrescentando que “desejo que todas as pessoas que passem pelo que estou passando, tenha esta atitude e garanto que jamais se arrependerão, pois não tem como se arrepender de fazer o bem”.

 

Transplantes no Estado

 

Ligado à CETTO, o Tocantins também dispõe de um Banco de Olhos Público (BOTO), em funcionamento desde dezembro de 2016 e junto a ele o serviço de transplante de córnea. Desde que foi implantada a CETTO, já foram realizado 105 transplantes de córnea no serviço público e privado, 73 Doação/transplantes de córneas.

 

Com os serviços de transplantes de múltiplos órgãos ainda não implantados no Tocantins, a CETTO realiza a gestão do processo de doação e transplantes de órgãos e tecidos no âmbito estadual, com a captação de doadores e a comunicação à Central Nacional, da disponibilidade dos órgãos. Com as duas captações de múltiplos órgãos, já realizada no Tocantins, foram viabilizados atendimentos a 11 pessoas que aguardavam nas filas nacionais de transplante.

 

Doação

 

Quando um paciente evolui para o quadro clínico de morte encefálica, a Comissão Intra-hospitalar para a Doação de Órgãos e Tecidos para transplantes do HGP, entra em contato com a família para verificar se existe o interesse em realizar a doação dos órgãos. Se a família concordar com a doação, é realizado o processo de validação do doador, com realização de exames específicos. Com o paciente validado, a CETTO comunica a Central Nacional de Transplantes, que verifica qual Estado aceita os órgãos e providencia a logística da equipe que os retira e leva até o receptor.

 

(Com informações da Ascom/Sesau)

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