MPE aponta fraude de quase R$ 12 milhões em contratos da Prefeitura de Nova Olinda

Órgão ajuizou ACP solicitando bloqueio de bens de gestores públicos, além de afastamento do prefeito José Pedro Sobrinho; nove secretários e ex-secretários municipais também estão sendo acusados

Dinheiro teria sido desviado do fundo municipal através de fraude em contratos
Descrição: Dinheiro teria sido desviado do fundo municipal através de fraude em contratos Crédito: Divulgação

Supostas fraudes que culminaram no desvio de R$ 11.898.369,52 dos cofres públicos do município de Nova Olinda, durante a gestão de José Pedro Sobrinho (PTB), levou o Ministério Público Estadual (MPE-TO) a ajuizar uma Ação Civil Pública (ACP) requerendo a Poder Judiciário o afastamento do prefeito de seu cargo.

 

A ação pede também o bloqueio de bens de servidores públicos, conforme irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) em processos licitatórios realizados entre 2013 e 2016, com locação de veículos escolares e para atender órgãos públicos com preços acima do praticado no mercado.

 

Além do prefeito, nove secretários e ex-secretários municipais estão sendo acusados, bem como empresários, seis empresas e uma entidade classista. O promotor de justiça Paulo Alexandre Rodrigues de Siqueira é autor da ação.

 

O MPE questiona, por exemplo, o aumento no valor dos contratos ao longo dos anos. Comparando o montante pago em 2016 com o ano de 2013, o aumento foi de R$ 253.800,00, equivalente a 50% do valor da contratação inicial. Como situação agravante, verificou-se que, na fase de planejamento das licitações, os agentes públicos justificaram os preços juntando cotações de empresas de construção civil, as quais não atuavam no ramo de locação de veículos.

 

Outro ponto destacado pelo Promotor de Justiça é o fato do processo licitatório restringir como critério para julgamento o menor preço global. Nesse contexto, ocorreu a contratação somente da empresa capaz de fornecer a integralidade do objeto licitado. Entretanto, posteriormente, ocorreu a subcontratação total do objeto, demonstrado a impossibilidade da empresa em fornecer os veículos ofertados.

 

Motoristas do transporte escolar no município confirmaram que as empresas apenas intermediavam a contratação, diante da impossibilidade daqueles em participar da licitação por não terem a totalidade dos veículos. Dentre os subcontratados, havia veículos de propriedade de servidores públicos, como o Diretor de Departamento e a vice-prefeita.

 

O MPE também cita irregularidades na contratação de servidores, dispensa de licitação, ausência de comprovação da execução de serviços de assessoria e consultoria, dentre outros.

 

“O conjunto de evidências robustas demonstra que as cotações de preço realizadas pelas empresas supracitadas não transparecem boas práticas administrativas e ferem os princípios da impessoalidade e moralidade”, disse Paulo Alexandre.

 

Bandas e shows

 

A Ação questiona, também, os gastos com shows no município de Nova Olinda. As investigações constataram que contratos com a empresa Max Serviços de Construção Civil e Locações foram executados com valores acima ao de mercado.

 

O valor do show do cantor Frank Aguiar variava entre R$35 mil e R$45 mil. Porém, o Município de Nova Olinda pagou R$ 100 mil. A Banda Louve e Adore realizou shows em todo o Estado do Tocantins, por valores, em média, de R$ 5.500. O Município de Nova Olinda pagou R$ 50 mil, ou seja, quase 10 vezes a média do mercado.

 

Da mesma forma, foi o show da Banda Caviar com Rapadura. O valor mínimo pago a esta banda foi de R$ 19 mil e o máximo foi de R$ 36 mil. A Prefeitura de Nova Olinda desembolsou R$ 50 mil pelo mesmo show. Em outros seis contratos de shows, firmados entre os anos de 2013 e 2016, foram apontadas irregularidades pelo Tribunal de Contas do Estado do Tocantins.

 

Pedidos

 

O MPE requer ao Poder Judiciário o imediato afastamento de José Pedro Sobrinho do cargo de Prefeito Municipal de Nova Olinda, pelo prazo de 180 dias, de modo a impedir que o mesmo destrua todas as provas dos supostos ilícitos praticados e impossibilite a instrução processual penal.

 

Também solicita a concessão de liminar que determine a indisponibilidade de bens dos requeridos, até o limite do valor total sugerido a título de reparação pelo dano moral difuso e a título de multa civil, no valor de R$ 11.898.369,52.

 

Por fim, a Ação Civil Pública requer a condenação dos acusados ao pagamento de R$ 1 milhão para reparação por danos morais difusos.

 

O T1 Notícias tentou contato via telefone com a prefeitura de Nova Olinda, mas as ligações não foram atendidas. O espaço permanece aberto caso a outra parte queira se manifestar sobre as acusações.

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