MPF denuncia ex-diretores da Valec por desvio de R$ 23,1 mi em trecho do TO

Grupo teria desviado R$ 23 milhões na execução de contrato para obras da ferrovia Norte-Sul

Ferrovia Norte-Sul no Tocantins
Descrição: Ferrovia Norte-Sul no Tocantins Crédito: Foto: Da Web

O Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação de oito pessoas, sendo sete diretores da empresa pública Valec Engenharias, Construções e Ferrovias S/A e um empresário, pelo crime de peculato, desvio de dinheiro público. A denúncia é que o grupo teria desviado o equivalente a R$ 23,1 milhões durante a execução de um contrato para a realização de obras da ferrovia Norte-Sul, no Tocantins.

 

Entre os denunciados estão dois ex-presidentes da Valec, Luiz Raimundo Carneiro de Azevedo e José Francisco das Neves, além do gestor do contato, Renato Luiz de Oliveira Lustosa. Na denúncia, os procuradores da República, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes e Ana Carolina Tannús Diniz detalham a atuação dos envolvidos a partir do ano 2000, quando foi firmado o contrato entre a Valec e a empresa SPA Engenharia, Indústria e Comércio S/A.

 

Pelo acordo, caberia à empresa realizar as obras da ferrovia entre os municípios de Mosquito e Campo Alegre. O problema é que investigações posteriores constataram diversas irregularidades na execução da obras. Os procuradores citam, por exemplo, auditorias realizadas pelo órgão regional da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2007 e análises técnicas do Tribunal de Contas da União (TCU).

 

Entre as irregularidades comprovadas está o superfaturamento do contrato, que foi viabilizado pela prática de sobrepreço da ordem de 27,17% do valor inicialmente previsto para a obra. Ainda segundo os investigadores, os sobrepreços praticados ao longo de seis anos – de 2000 a 2006, quando a obra foi concluída – alcançou a cifra de R$ 14,3 milhões.

 

“Neste período, foram realizadas diversas medições referentes aos serviços prestados e aos materiais utilizados, que garantiram a execução do superfaturamento do contrato 11/2000, e, desta forma, contribuíram para o contínuo desvio de verbas públicas”, afirmam os autores da ação em um dos trechos do documento, completando que as medições foram autorizadas e atestadas por parte dos integrantes do esquema criminoso.

 

Outro aspecto mencionado na ação foi a constatação de que ao longo da execução, o contrato sofreu uma alteração de 42,46% do valor inicial, percentual que supera os 25% permitidos pela Lei 8.666/93, a Lei Geral de Licitações. Neste caso, frisam os investigadores, o aumento irregular foi provocado pela inclusão da implementação da Plataforma Multimodal de Aguiarnópolis, “não prevista no projeto básico”. Apenas com esta alteração, houve um acréscimo de R$ 8,7 milhões no valor total do contrato.

 

Os procuradores destacam ainda que, conforme posição do TCU, as sucessivas alterações contratuais, além de gerarem uma despesa maior que a permitida, desfiguraram o objeto inicialmente licitado.

 

No pedido apresentado à Justiça, os procuradores pedem que os envolvidos sejam condenados pelo crime de peculato, cuja pena varia de dois a doze anos de reclusão e multa. Pedem ainda que a punição seja acrescida em um terço, conforme previsto no Código Penal, considerando o fato de os denunciados ocuparem cargos em comissão à época da prática criminosa. A ação será analisada pela 10ª Vara Federal, em Brasília.

 

(Com informações do Jornal de Brasília)

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