MPF denuncia servidores do DNIT e antigo Dertins por suposta fraude em licitação

Conforme o MPF, esquema teria favorecido a empresa Egesa Engenharia, contratada ilegalmente, e gerado dano de mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos

Servidores do antigo Dertins são denunciados
Descrição: Servidores do antigo Dertins são denunciados Crédito: Foto: Divulgação

O Ministério Público Federal no Tocantins (MPF/TO) denunciou 18 pessoas envolvidas em suposto esquema de fraude de licitação e peculato, que pode ter resultado no dano de mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos. Conforme informações do MPF, o esquema envolveria, supostamente, servidores e gestores do Departamento de Estradas de Rodagem do Tocantins – Dertins (atualmente, Agência Tocantinense de Transportes e Obras – Ageto) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit. Também estariam envolvidos dirigentes e funcionários da Egesa Engenharia e Geoserv Serviço de Geotecnia e Construções.

 

De acordo com a denúncia, em 2002, a Egesa Engenharia venceu uma licitação feita pelo Governo do Tocantins, para construção, pavimentação e serviços de obras de artes correntes e especiais de 77,4 km da Rodovia BR-10/TO, no sub-trecho Aparecida do Rio Negro/Goiatins. Baseada no projeto básico, o valor da obra ficaria em R$ 56.154.310,37. Contudo, ao autorizar a execução da obra, já em 2007, “os técnicos envolvidos na fraude sabiam que os valores seriam alterados, pois o projeto executivo realizou mudanças significativas na metodologia de construção das pontes, que teve seus custos quase triplicados”, aponta o MPF.

 

Segundo a denúncia do MPF, tanto a auditoria do Tribunal de Contas da União – TCU como laudo pericial da Polícia Federal constataram que as mudanças foram tão expressivas que descaracterizaram o objeto a ser contratado, sendo necessária uma nova licitação para que a Administração pudesse selecionar a proposta que melhor atendesse aos interesses públicos, sob o ponto de vista técnico e financeiro. “Mesmo assim, os envolvidos resolveram dar continuidade ao contrato baseado na licitação anterior. Com isso, passados apenas 25 dias da autorização para o início das obras, a Egesa apresentou a proposta para revisão do projeto gerando aditivo que impactava o valor original em mais de 10%, passando a custar R$ 62.239.899,07”, informa o MPF.

 

Além da contratação realizada sem licitação em caso não assegurado por Lei, o MPF denunciou os envolvidos por supostamente desviarem dinheiro público a favor da Egesa, no valor de R$ 3.187.991,70. Ainda conforme o órgão, esse foi o montante pago referente às medições supostamente fraudulentas da terraplanagem, somadas com o pagamento por serviços não executados relativos à pavimentação.

 

Conforme relatório do TCU, de abril de 2007 a julho de 2008, foram feitas 15 medições da obra, que justificou o recebimento, por parte da Egesa, de R$ 20.628.006,87, ou seja, 31% do valor total, que, com outro aditivo, passou a custar R$ 65.288.633,21. “Ao constatar diversas irregularidades como sobrepreço, superfaturamento, jogo de planilhas, medições de serviços não executados, má qualidade dos serviços, pagamento por transportes de distâncias maiores do que as reais e supervisão deficiente, o TCU determinou o sobrestamento cautelar da obra, com suspensão do pagamento à construtora”, diz o MPF.

 

Ainda de acordo com o MPF, “segundo informado pelo DNIT ao MPF, dos 77,4 km cuja implementação/pavimentação cabia à EGESA Engenharia S/A, foram executados apenas 15 km de capa asfáltica, ou seja, menos de 20% do total, situação essa que persiste até os dias atuais”.

 

(Com informações da Ascom/MPF)

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