O Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público do Tocantins (MPTO) ingressou com ação judicial contra o Estado do Tocantins, na terça-feira, 22, na qual requer providências em relação a deficiências estruturais na Polícia Civil. A causa principal seria o lapso de 11 anos sem concurso público, que levou a um déficit de 1.272 profissionais.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que trabalha para a realização, no menor prazo possível, de um concurso público que irá recompor os quadros da instituição. A previsão inicial é que o certame tramite ao longo dos anos de 2025 e 2026. As nomeações dos aprovados devem ocorrer, em previsão também preliminar, no início de 2027.
De acordo com a SSP/TO, o cronograma leva em consideração que concursos na área de segurança pública exigem uma grande quantidade de fases, com testes escritos, avaliações físicas, psicológicas e investigações sociais dos aprovados, entre outros. Em 2026 há ainda períodos que terão restrições a alguns atos da administração pública em razão do processo eleitoral. A Pasta reforça que, mesmo diante do cenário desafiador, trabalha diuturnamente para atender às necessidades da comunidade com a estrutura existente e tem registrado quedas significativas nos índices criminais.
Dados de junho de 2025, reunidos pelo Gaesp, apontam que a Polícia Civil possui somente cerca de 50% do efetivo previsto em lei, no que se refere aos cargos de oficial investigador, delegado, perito e agente de necrotomia. O efetivo atual é de 1.281, enquanto 1.272 cargos estão vagos.
Projeção negativa
As apurações do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública apontam que houve um agravamento crítico entre 2023 e 2025 em relação ao quadro de pessoal da Polícia Civil e que a situação tende a se acentuar até 2026. Considerando a projeção de aposentadorias de servidores, o déficit deve se ampliar para 1.400 cargos vagos.
Apesar disso, o Gaesp verificou que não há estudos preliminares ou cronograma para a realização de concurso público, conforme resposta obtida da administração estadual em abril de 2025.
Precarização no funcionamento de delegacias
A ação judicial proposta pelo Gaesp relata que cinco delegacias estão fechadas (Abreulândia, Marianópolis, Divinópolis, Monte Santo e Pugmil), deixando regiões extensas sem cobertura da Polícia Civil. Além disso, diversas outras delegacias funcionam sem delegado titular.
Outro ponto destacado é que as delegacias das cidades menores funcionam somente entre 8 e 14 horas.
Investigações comprometidas
O Gaesp também aponta a deficiência das atividades periciais, constatando que perícias em locais de crimes sequer chegam a ser requisitadas por causa da insuficiência de pessoal, e que outras perícias requisitadas não são realizadas ou têm seus laudos entregues fora do prazo legal.
O déficit atual é de 132 peritos (42,7% do quadro). Quatro núcleos de Medicina Legal estão desativados no Estado: Tocantinópolis, Araguatins, Colinas e Guaraí.
Providências solicitadas
Entre outras providências, o Gaesp requer a concessão de liminar que determine ao Estado a publicação de edital de concurso público em 90 dias e a aplicação das provas em 120 dias, visando a recomposição do quadro da Polícia Civil.
Também é solicitada a reativação das delegacias fechadas, mediante remanejamento emergencial de servidores ou a designação de plantonistas.
No caso dos peritos médicos, o Gaesp requer que o Estado realize, em 60 dias, o credenciamento de médicos especialistas.
Quanto ao funcionamento das delegacias no interior, que seja garantido o funcionamento das 8h às 18h, horário este seguido por plantões regionais que não estejam a distância superior a 120 km.
A ação judicial é assinada pelo promotor de Justiça João Edson de Souza, coordenador do Gaesp, e tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública de Palmas.
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