Falta pouco para o Plano de Ação Territorial de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins) ter um mascote. O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) finalizou a primeira etapa do concurso de desenho nas escolas infantis, inclusive rurais, que fazem parte do território. Aproximadamente 500 crianças foram mobilizadas pela equipe do PAT que foram às escolas ensinar as crianças sobre as espécies ameaçadas de extinção na região.
Na primeira etapa, cada escola escolheu o desenho que iria representá-la. Além de uma etapa online onde diversas crianças puderam enviar seus desenhos ao e-mail do PAT. Agora o concurso está aberto até o dia 20 na internet. Qualquer pessoa, em todo o território nacional, pode votar nas redes sociais do Naturatins. O desenho escolhido será utilizado na logomarca do PAT Cerrado Tocantins.
A ação lúdica de educação ambiental tem como objetivo envolver a população do estado nas ações do PAT e já despertar nas crianças a responsabilidade e importância de preservar a natureza. Os instrutores também explicaram aos alunos os impactos causados na região pelos grandes empreendimentos como barragens, atividades agropecuárias, desmatamento e incêndios.
Quem participar da votação pode escolher entre sete animais desenhados pelos alunos: tatu canastra (Priodontes maximus), tiribá-do-paranã (Pyrrhura pfrimeri), rubinho ou jauzinho do canal (Aguarunichthys tocantinensis), planta Angelonia alternifolia, lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), pacu-dente-seco (Mylesinus paucisquamatus), pirarucu (Arapaimas gigas).
Segundo a Inspetora de Recursos Naturais do Naturatins, Juliana Calmon, foi possível constatar que as crianças tinham percepção que as espécies mostradas estavam escassas na natureza. "Elas conhecem as espécies, não com o nome científico delas, mas conhecem porque faz parte da vivência delas. Algumas dessas crianças são da zona rural. E elas relataram que viam cada vez menos na natureza as espécies mostradas", explica.
O PAT Cerrado Tocantins tem como meta implementar o plano que cobre 22 municípios em todo o Estado de Tocantins e que corresponde a mais de 37 mil km 2 do bioma Cerrado. O Plano visa a conservação de 9 espécies Criticamente em Perigo (CR) e 3 espécies Em Perigo (EN) de extinção e ocorre no âmbito do projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção.
Pró-Espécies
O Pró-Espécies: Todos pela Extinção trabalha em conjunto com 13 estados do Brasil (MA, BA, PA, AM, TO, GO, SC, PR, RS, MG, SP, RJ e ES) para desenvolver estratégias de conservação para pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) em 24 territórios, totalizando 62 milhões de hectares. Para alcançar esse objetivo, a iniciativa foi estruturada em quatro componentes principais, desenhados de forma a combater as principais causas de extinção das espécies: perda de habitat, extração ilegal e espécies exóticas invasoras.
O projeto procura alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de espécies que não contam com nenhum instrumento de conservação e é financiado pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), sendo o WWF-Brasil a agência executora.
Conheça as espécies finalistas
Pacú-dente-seco (Mylesinus paucisquamatus): peixe de porte médio da família Serrasalmidae, que compreende os peixes redondos, e que chega a atingir mais de 30 centímetros de comprimento total. Era uma espécie bastante utilizada para alimentação humana e um recurso pesqueiro importante no médio rio Tocantins. Foi incluído na lista dos ameaçados na categoria em perigo devido à supressão de seus habitats para o desenvolvimento hidrelétrico.
Planta Angelonia alternifolia: houve relatos que catalogaram suas flores com pétalas roxas, dispostas ao longo de um cacho no ápice do ramo, uma planta que foi encontrada uma única vez em 1978 no município de Almas. Acredita-se que a expansão da atividade pecuária da região foi a responsável pelo sumiço.
Rubinho, mandi-chumbado (Aguarunichthys tocantinensis): é um peixe que se alimenta principalmente de peixes menores e invertebrados aquáticos e é uma espécie de peixe da família dos bagres, endêmica da bacia do rio Tocantins que ocorre em ambientes profundos. A espécie foi categorizada como ameaçada de extinção na categoria em Perigo, porém esforços de coleta recentes têm falhado em localizar populações estáveis nos sistemas hídricos dos rios Tocantins e Araguaia.
Tatu Canastra (Priodontes maximus): popularmente é conhecido também como tatu-gigante e tatuaçu, e faz jus aos nomes com seus 1,5 metros de comprimento e peso de até 60 quilos. As principais ameaças ao tatu-canastra são: incêndios florestais, avanço da agricultura, desmatamento, aumento da matriz rodoviária e caça.
Tiriba-do-paranã (Pyrrhura pfrimeri): trata-se de uma ave psittaciforme da família Psittacidae. Também conhecida como tiriba-de-pfrimer, tiriba-pequena e periquito-guerreiro. É uma ave restrita à estreita faixa de mata seca, perto da Serra Geral, nos estados de Goiás e Tocantins. É ameaçada pelo desmatamento da mata seca para extração seletiva de madeiras, como a aroeira (para ser utilizada na confecção de mourões de cerca), incêndios e conversão de habitats em pastagem, além do o comércio ilegal de animais de estimação.
Pirarucu (Arapaimas gigas): um dos maiores peixes de água doce do planeta. A espécie corre risco de extinção devido à pesca predatória praticada ao longo de muitos anos. A reprodução natural do peixe é insuficiente para repor o número de pirarucus pescados
Lobo Guará (Chrysocyon brachyurus): um animal típico do Cerrado e maior canídeo da América do Sul. A ampla fragmentação dos remanescentes do Cerrado faz com que animais tenham que deixar refúgios de matas para se alimentar e reproduzir, tornando-se vítimas de automóveis e caçadores.
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